Por Nandita Bose
CHICAGO (Reuters) - A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, fará o discurso mais importante de sua vida política nesta quinta-feira, quando aceitar a indicação do Partido Democrata para ser candidata à Presidência, um mês depois de o partido forçar o presidente norte-americano, Joe Biden, a sair da disputa.
As ambições presidenciais de Kamala sempre foram claras, mas acabaram sendo prejudicadas por sua própria campanha instável em 2020 e pelo mandato irregular de vice-presidente. Desde que foi erguida ao topo da chapa, ela acirrou a disputa contra o republicano Donald Trump.
Os vigorosos discursos de Kamala foram recebidos por um surto de entusiasmo dos eleitores. Se ela vencer em 5 de novembro, será a primeira mulher eleita presidente dos EUA.
Em seu discurso, Kamala, de 59 anos, planeja contar a história de quem ela é - filha de pai jamaicano e mãe indiana - e de seus planos para ajudar a classe média com cortes nos preços de mantimentos e moradias e nos impostos, além de promover liberdades pessoais, incluindo o direito ao aborto, segundo assessores e consultores.
Eles disseram que ela também fará uma crítica contundente a seu rival republicano, o ex-presidente Donald Trump.
"Há um homem que quer nos dividir e ela defenderá que simplesmente não podemos permitir que isso aconteça, que aqui são os Estados Unidos e que todos podem se elevar juntos", disse à Reuters Cedric Richmond, copresidente da campanha e conselheiro de longa data de Kamala.
Os delegados da convenção tiveram uma prévia quando Kamala subiu inesperadamente ao palco ao som de "Freedom", de Beyoncé, na primeira noite da convenção.
"Em novembro deste ano, nós nos reuniremos e declararemos com uma só voz, como um só povo - estamos indo para a frente", disse ela.
Se Beyoncé aparecerá no palco nesta quinta-feira é motivo de muita especulação e debate nos corredores da convenção e nos locais de reunião. A campanha não quis comentar.
DISPUTA ACIRRADA
Kamala arrecadou um recorde de 500 milhões de dólares em um mês e reduziu a diferença ou assumiu a liderança contra Trump em muitas pesquisas em Estados cruciais. Mas a vice-presidente dos EUA ainda não articulou muito de sua visão para o país. Entusiasmo e números melhores nas pesquisas não são suficientes para derrotar Trump em 11 semanas, alertaram os estrategistas.
Kamala está liderando em uma compilação de pesquisas nacionais da FiveThirtyEight, com 46,6% contra 43,8% do republicano Trump, e está à frente em várias pesquisas públicas em Estados cruciais, mas a disputa está apertada.
Na segunda-feira, o fundador do principal grupo de gastos externos que apoia a candidatura presidencial de Kamala disse que as pesquisas internas são menos “otimistas” do que as pesquisas públicas sugerem e alertou que os democratas terão disputas muito mais acirradas nos Estados decisivos.