Por Nandita Bose e Andrea Shalal e Jeff Mason
REDFORD TOWNSHIP, MICHIGAN (Reuters) - A vice-presidente e candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, vai se encontrar com líderes árabe-americanos e muçulmanos em Flint, no Michigan, nesta sexta-feira, no momento em que tenta recuperar o apoio de eleitores críticos ao apoio norte-americano a Israel nos conflitos na Faixa de Gaza e no Líbano, disseram duas fontes.
O encontro é uma das várias tentativas nos últimos dias de aparar as arestas com eleitores muçulmanos e árabes, que apoiaram firmemente o democrata Joe Biden em 2020, mas que podem não votar em Kamala na quantidade que ela precisa para vencer no estado-chave de Michigan.
Kamala vai se encontrar com a organização Emgage -- que recentemente declarou apoio a ela --, com a Força-Tarefa Norte-Americana no Líbano e com uma amiga de longa data da política, Hala Hijazi, que perdeu dezenas de familiares na Faixa de Gaza, afirmaram as fontes, que não quiseram ser identificadas.
Jim Zogby, fundador do Instituto Árabe-Americano e membro antigo do Comitê Nacional Democrata, disse que recusou o convite. Líderes do Movimento Nacional Não Comprometido afirmaram que não foram convidados.
Na quarta-feira, o conselheiro de segurança nacional de Kamala, Phil Gordon, encontrou-se virtualmente com líderes da comunidade e afirmou que o governo apoia um cessar-fogo na Faixa de Gaza, a diplomacia no Líbano e a estabilidade na Cisjordânia ocupada por Israel, informou o gabinete da vice.
Na noite de quinta-feira, o candidato a vice na chapa de Kamala, o governador de Minnesota Tim Walz, prometeu a eleitores muçulmanos em uma ligação virtual que eles teriam um papel igualitário em um governo Kamala, que enfrentará o republicano e ex-presidente Donald Trump em 5 de novembro.
Alguns árabe-americanos acreditam que a recusa de Kamala de se distanciar das políticas do atual presidente, Joe Biden, para o Oriente Médio, em momento em que Israel intensifica os ataques, terá custos na eleição.
“Harris vai perder Michigan”, afirmou Ali Dagher, um advogado libanês-americano e líder comunitário. “Não votarei em Kamala Harris. Ninguém que eu conheço votará nela. Não consigo encontrar uma única pessoa na comunidade que a apoia.”
Nesta semana, uma pesquisa publicada pelo Instituto Árabe-Americano mostrou Kamala e Trump praticamente empatados nesse grupo eleitoral.
Em Redford Township, perto de Detroit, Kamala comemorou um acordo sindical que encerrou uma importante greve portuária. Depois, falou em uma estação dos bombeiros, cujos trabalhadores são representados pela Associação Internacional de Bombeiros, que se recusou na quinta-feira a apoiá-la oficialmente.
Mais tarde, em Flint, ela estará com o presidente do sindicato United Auto Workers, Shawn Fain, e prometerá apoiar a icônica indústria automobilística de Michigan.
(Reportagem de Nandita Bose e Andrea Shalal em Washington e Jeff Mason em Redford Township, Michigan; reportagem adicional de Trevor Hunnicutt)