Por Parisa Hafezi
ANCARA (Reuters) - O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta quarta-feira que as ameaças militares feitas nos últimos dias pelos Estados Unidos podem inviabilizar as negociações nucleares, num momento em que o Irã e seis grandes potências mundiais tentam cumprir o prazo 30 de junho para um acordo final.
Khamenei, que tem a palavra final sobre todos os assuntos de Estado, disse que duas autoridades dos EUA ameaçaram o Irã com uma ação militar se as negociações fracassarem. Ele não deu mais detalhes sobre as ameaças.
"Manter negociações nucleares (com as grandes potências) sob a sombra da ameaça é inaceitável para o Irã... Nossa nação não vai aceitar isso... as ameaças militares não vão ajudar as conversações", disse ele em discurso durante encontro de professores transmitido ao vivo na TV estatal.
"Nos últimos dias, dois funcionários norte-americanos ameaçaram com uma ação militar contra o Irã, se o Irã se recusar a aceitar esta ou aquela condição nuclear. O que implica uma negociação sob a sombra da ameaça", afirmou, em meio a gritos de "Morte à América" e "Morte a Israel" na multidão. "Eu sou contra a realização de conversações (nucleares) sob a sombra da ameaça".
Khamenei reiterou o seu apoio cauteloso às negociações nucleares, mas disse que os "limites" do país precisam ser respeitados pelos negociadores iranianos. "Nossos negociadores têm de continuar as negociações mantendo as nossas linhas vermelhas... Mas eles não podem aceitar qualquer imposição, humilhação e ameaça", acrescentou.
O Irã afirma que seu programa nuclear é inteiramente pacífico e rejeita as alegações de países ocidentais e seus aliados de que busca obter capacidade para produzir armas atômicas. O governo iraniano considera que todas as sanções contra o país são ilegais.
(Reportagem de Louise Irlanda)
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
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