MOSCOU (Reuters) - A Rússia negou na terça-feira que tenha atacado um hospital infantil de Kiev e disse, sem fornecer provas, que fogo antimísseis ucraniano foi o culpado pelo ataque de segunda-feira.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, repetiu a insistência de Moscou de que não ataca alvos civis na Ucrânia.
Autoridades ucranianas afirmam que a Rússia atingiu o principal hospital infantil de Kiev com um míssil de cruzeiro russo Kh-101 e lançou uma série de mísseis em outras cidades da Ucrânia na segunda-feira, matando pelo menos 41 civis na mais letal onda de ataques aéreos dos últimos meses.
O Serviço de Segurança da Ucrânia disse que fragmentos da parte traseira de um Kh-101, com um número de série, foram recuperados no local, bem como parte do sistema de orientação.
"As conclusões dos especialistas são inequívocas - foi um ataque direto", disse o Serviço de Segurança do Estado ucraniano no Telegram.
O chefe da missão de monitoramento de direitos humanos da ONU na Ucrânia disse que sua análise era de que o ataque provavelmente foi causado por um impacto direto de um míssil russo.
Peskov, em sua entrevista diária, foi questionado sobre como a Rússia poderia dizer que não ataca alvos civis após a tragédia no hospital.
"Peço que se guiem pelas declarações do Ministério da Defesa da Rússia, que exclui totalmente a possibilidade de ataques a alvos civis e afirma que estamos falando de um sistema antimísseis em queda", disse ele.
"Continuamos a insistir que não atacamos alvos civis. Os ataques são realizados contra instalações de infraestrutura crítica, contra alvos militares que, de uma forma ou de outra, estão relacionados ao potencial militar do regime."
Muitos milhares de civis ucranianos foram mortos no decorrer da guerra desde que a Rússia lançou o que chamou de sua "operação militar especial" em fevereiro de 2022. Um número muito menor de civis foi morto dentro da Rússia e em partes da Ucrânia que a Rússia controla e reivindicou como suas.
As imagens do incidente de segunda-feira, verificadas pela Reuters, mostraram um míssil voando em uma trajetória íngreme em direção ao terreno do hospital em alta velocidade, no que parecia ser um golpe direto.
O Kh-101 que a Ucrânia diz ter sido usado é um míssil de cruzeiro que normalmente carrega uma ogiva explosiva de 450 kg.
A ministra das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, rejeitou a versão de Kiev e disse - sem apresentar provas - que a culpa era de um míssil NASAMS disparado pela Ucrânia. Ela afirmou que isso havia sido confirmado por "inúmeras testemunhas", sem identificá-las.
Zakharova acusou o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy de tentar explorar a tragédia para fins de propaganda.
(Reportagem da Reuters)