MOSCOU (Reuters) - A Rússia disse nesta terça-feira que um tratado assinado com a Coreia do Norte no início deste ano prevê "cooperação estratégica" em todas as áreas, mas se recusou a falar sobre como uma cláusula de defesa mútua no acordo poderia ser colocada em prática.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou o tratado com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, quando visitou Pyongyang em junho, e disse que ele incluía uma cláusula de assistência mútua, segundo a qual cada lado concordava em ajudar o outro a repelir agressões externas.
Perguntado se isso significava que a Rússia poderia ser levada a apoiar Pyongyang em um conflito na península coreana ou que a Coreia do Norte poderia ficar do lado da Rússia em um conflito com o Ocidente, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o texto do tratado era "bastante inequívoco" e não precisava de esclarecimentos.
O pacto "implica uma cooperação profunda e verdadeiramente estratégica em todas as áreas, incluindo a segurança", disse Peskov, a repórteres.
As tensões têm aumentado na península coreana após a Coreia do Norte explodir trechos de estradas e linhas ferroviárias que a ligavam à Coreia do Sul em seu lado da fronteira altamente fortificada, levando o Exército da Coreia do Sul a disparar tiros de advertência.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, acusou esta semana a Coreia do Norte de transferir pessoal para as Forças Armadas da Rússia, dizendo que suas agências de inteligência o informaram sobre "o envolvimento real da Coreia do Norte na guerra" na Ucrânia.
Os Estados Unidos afirmam que a Coreia do Norte forneceu mísseis balísticos e munição à Rússia. Moscou e Pyongyang negaram a transferência de armas, mas prometeram aumentar os laços militares, possivelmente incluindo exercícios conjuntos. Peskov disse na semana passada que o suposto envolvimento de tropas norte-coreanas na Ucrânia era uma notícia falsa.
Perguntado se um futuro tratado de parceria entre a Rússia e Irã também poderia incluir um elemento de defesa mútua, Peskov disse nesta terça-feira: "Não. Quando ele estiver pronto, poderemos falar sobre seu conteúdo".
(Reportagem de Dmitry Antonov)