MOSCOU (Reuters) - O Kremlin afirmou nesta quarta-feira que não está "no mesmo caminho" que os russos que fugiram do país depois que Moscou enviou suas tropas para a Ucrânia e adotaram o que chamou de fortes posições antirrussas, mas disse que essas pessoas são minoria.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, estava respondendo a perguntas sobre o assunto um dia depois que Vyacheslav Volodin, o presidente da câmara baixa do parlamento russo, sugeriu que os russos que apoiam a Ucrânia e agora querem voltar deveriam ser enviados para uma região do extremo leste conhecida por seus campos de prisioneiros Gulag da era Stalin.
Volodin, o presidente da Duma, disse aos parlamentares na terça-feira que aqueles que deixaram a Rússia e se alegraram com os ataques de drones e mísseis ucranianos contra seu país deveriam saber que não são mais bem-vindos em sua terra natal e que deveriam ser enviados para a região de Magadan se retornassem.
Para os russos, Magadan é sinônimo de Gulag - uma rede de campos de trabalho forçado onde os russos eram usados como mão de obra escrava sob o comando do ditador soviético Josef Stalin.
Questionado sobre os comentários, Peskov disse em uma coletiva de imprensa que Volodin tinha em mente aqueles que "assumiram uma posição pronunciadamente antirrussa e ficaram do lado do regime de Kiev".
"Sim, de fato, não estamos no mesmo caminho que essas pessoas", afirmou Peskov.
Mas ele disse que outros que saíram, que ele descreveu como pessoas que escolhem livremente onde vivem em um determinado momento, são "a grande maioria" e sempre bem-vindos para retornar à Rússia.
"É claro que essas pessoas sempre, não importa o que aconteça, têm sua terra natal - a Rússia. E ela está sempre esperando por elas", disse Peskov.
A decisão da Rússia de enviar dezenas de milhares de soldados para a Ucrânia em fevereiro do ano passado, e sua subsequente campanha de mobilização, fez com que várias centenas de milhares de russos deixassem sua terra natal, embora não se saiba exatamente quantos.
(Reportagem da Reuters)