Por Adrian Croft e Alastair Macdonald
BRUXELAS (Reuters) - Pressionados a agir para acabar com as mortes de imigrantes no mar Mediterrâneo, líderes da União Europeia vão definir um reforço nas operações de busca e resgate e na luta contra os traficantes de pessoas na reunião de emergência sobre o tema marcada para quinta-feira.
A revolta pública decorrente das mortes de até 900 imigrantes no domingo passado, quando o barco em que viajavam afundou na rota da Líbia para a Europa, levou governos da UE a reverterem a decisão do ano passado de diminuir as operações de salvamento no Mediterrâneo.
Os dirigentes reunidos em Bruxelas devem concordar em reforçar as operações, provavelmente dobrando o financiamento e os equipamentos disponíveis para duas missões de patrulha de fronteira da UE, disse um diplomata de alto escalão do bloco.
A área de atuação também será ampliada, o que significa que embarcações da UE estarão mais bem posicionadas para avistar e resgatar barcos em perigo na costa do norte da África.
"Na quinta-feira, nossa maior prioridade será evitar que mais pessoas morram no mar", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em sua carta de convite aos líderes.
A União Europeia vem lutando há anos para forjar uma estratégia conjunta eficaz para lidar com os imigrantes que fogem das guerras e do caos na África e no Oriente Médio, apesar das tragédias marítimas frequentes.
"As apostas serão altas na quinta-feira. Os chefes de Estado da UE carregam nos ombros a responsabilidade pela credibilidade dos direitos humanos na região, e precisam agir com firmeza para salvar vidas", afirmou Iverna McGowan, chefe do escritório da Anistia Internacional em Bruxelas, em uma coletiva de imprensa.
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que vem arcando com a maior parte do fardo de cuidar de milhares de imigrantes desesperados, disse nesta quarta-feira que a UE precisa adotar uma postura coletiva para tratar do tráfico humano em sua origem nos países africanos.
No ano passado, a Itália encerrou a missão de resgate "Mare Nostrum", que salvou mais de 100 mil imigrantes, apesar de ativistas alertarem na ocasião que isso causaria mais mortes. A missão foi substituída por um esquema menor da UE cujo foco principal era patrulhar as fronteiras do bloco.
Uma das propostas que a Comissão Europeia irá encaminhar na quinta-feira prevê uma missão militar e civil para capturar e destruir os barcos dos aliciadores.
(Reportagem adicional de Isla Binnie e Steve Scherer, em Roma)