Ladrões roubam joias de valor inestimável do Louvre à luz do dia

Publicado 19.10.2025, 12:30
Atualizado 19.10.2025, 16:14
© Reuters.

Por Sybille de La Hamaide

PARIS (Reuters) - Ladrões usando balaclavas invadiram o museu do Louvre, em Paris, usando um guindaste e quebrando uma janela do andar superior neste domingo, e roubaram peças de valor inestimável de uma área que abriga joias da coroa francesa, antes de fugir em motocicletas, informou o governo francês.

O roubo levanta questões incômodas sobre a segurança no museu, onde a falta de investimento já havia sido tema de alerta de autoridades. O Louvre é mundialmente famoso e recebeu 8,7 milhões de visitantes em 2024.

"O roubo cometido no Louvre é um ataque a um patrimônio que prezamos porque é a nossa história", disse o presidente Emmanuel Macron no X.

"Vamos recuperar as obras e os criminosos serão levados à justiça."

Os ladrões agiram por volta das 9h30 (horário local), quando o museu já havia aberto suas portas ao público, e entraram no prédio da Galerie d’Apollon, disse a promotora de Paris Laure Beccuau na BFM TV.

O roubo levou de seis a sete minutos e foi realizado por quatro pessoas que, embora desarmadas, ameaçaram os guardas com esmerilhadeiras, relatou a procuradora.

No total, nove objetos foram visados pelos criminosos, e oito foram de fato roubados. Durante a fuga, eles perderam a coroa da esposa de Napoleão 3º, a Imperatriz Eugênia, disse Beccuau.

"Ela vale várias dezenas de milhões de euros -- apenas essa coroa. E não é, em minha opinião, o item mais importante", disse o presidente da casa de leilões Drouot, Alexandre Giquello, à Reuters.

Beccuau disse ainda que é um mistério o fato de os ladrões não terem roubado o diamante Regent, que está guardado na Galerie d’Apollon e é estimado em mais de US$60 milhões pela Sotheby’s.

"Não tenho uma explicação", afirmou. "Só quando eles estiverem sob custódia e enfrentarem os investigadores é que saberemos que tipo de ordem eles tinham e por que não atacaram aquela janela."

A promotora contou que um dos ladrões estava usando um colete refletivo amarelo, já recuperado pelos investigadores. Ela acrescentou que os ladrões tentaram, sem sucesso, incendiar o guindaste, montado na traseira de um pequeno caminhão, enquanto fugiam.

INVESTIGAÇÃO EM ANDAMENTO

O ministro do Interior, Laurent Nunez, disse que a investigação está a cargo de uma unidade policial especializada com alta taxa de sucesso em desvendar roubos de alto perfil.

Os investigadores mantêm todas as pistas abertas, disse Beccuau.

Mas para ela é provável que o roubo tenha sido encomendado por um colecionador, caso em que haveria uma chance de recuperar as peças em bom estado, ou realizado por ladrões interessados apenas nas joias valiosas e nos metais preciosos. A interferência estrangeira não está entre as principais hipóteses, disse a procuradora.

"Estamos analisando a hipótese do crime organizado", revelou, acrescentando que poderiam ser um roubo encomendado por um comprador ou em busca de acesso a joias que podem ser úteis para lavar os lucros do crime.

"Hoje em dia, qualquer coisa pode estar ligada ao tráfico de drogas, dadas as somas significativas de dinheiro obtidas com o tráfico de drogas."

SEGURANÇA

Museu mais visitado do mundo e lar da Mona Lisa de Leonardo da Vinci, o Louvre afirmou em publicação no X que deve permanecer fechado durante o dia por "razões excepcionais".

Joan e Jim Carpenter, de Santa Cruz, Califórnia, disseram que foram retirados de uma galeria quando estavam prestes a ver a Mona Lisa.

"Bem, quando se rouba o Louvre, isso é muito importante para toda a França, então eu sabia que algo estava acontecendo por causa da maneira como eles fizeram uma varredura em todo o museu", disse Joan Carpenter.

Em um dos roubos de arte mais ousados da história, a Mona Lisa foi levada do museu em 1911 em um assalto envolvendo um ex-funcionário. Ele acabou sendo pego e a pintura foi devolvida ao museu dois anos depois.

No início deste ano, autoridades do Louvre solicitaram ajuda urgente do governo francês para restaurar e renovar salas de exposição envelhecidas e proteger melhor suas inúmeras obras de arte.

No X, Macron afirmou que um novo plano do governo para o Louvre anunciado em janeiro "prevê o fortalecimento da segurança".

A ministra da Cultura, Rachida Dati, disse que a questão da segurança dos museus não é nova.

"Durante 40 anos, houve pouco foco na segurança desses grandes museus e, há dois anos, o presidente do Louvre solicitou uma auditoria de segurança ao prefeito da polícia. Por quê? Porque os museus precisam se adaptar às novas formas de crime", disse. "Hoje, é o crime organizado -- profissionais."

(Reportagem de Sybille de La Hamaide, Gabriel Stargardter, John Cotton, Clothaire Achi e Ardee Napolitano; reportagem adicional de Helen Popper)

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