Por Juliette Jabkhiro e Elizabeth Pineau
PARIS (Reuters) - A Procuradoria de Paris disse nesta sexta-feira que a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, e 23 outros membros de seu partido devem ser julgados por suposto uso indevido de fundos da União Europeia, prolongando uma investigação de sete anos.
O escritório da Procuradoria de Paris abriu a investigação em dezembro de 2016, dizendo que seu objetivo era verificar se a então Frente Nacional havia usado dinheiro destinado a assessores parlamentares da União Europeia para pagar funcionários que estavam trabalhando para o partido.
Os parlamentares do bloco recebem fundos para cobrir despesas, incluindo seus assistentes, mas não devem usá-los para despesas do partido.
A Procuradoria disse que a situação de cerca de 49 assessores foi examinada em um período de tempo que abrange três mandatos do Parlamento Europeu, de 2004 a 2016.
A investigação foi motivada por um relatório do Parlamento, que notou que alguns assessores estavam ocupando cargos de alto escalão no partido de Le Pen -- agora conhecido como Reagrupamento Nacional (RN) -- que pareciam não conciliáveis com seu trabalho parlamentar em tempo integral.
O RN nega qualquer irregularidade.
"Contestamos essa posição que parece ser um entendimento errôneo do trabalho dos parlamentares da oposição e de seus assistentes, que é acima de tudo político", disse o partido à Reuters em um comunicado.
Le Pen enfrentou Emmanuel Macron duas vezes no segundo turno das eleições presidenciais da França, em 2017 e 2022, e é amplamente vista como uma das principais candidatas na próxima eleição, em 2027.
Ela pode ser condenada a 10 anos de prisão, multa de 1 milhão de euros e -- por ser uma autoridade eleita -- inelegibilidade para ocupar cargos públicos por 10 anos, informou a procuradoria.
Os juízes terão que decidir se aceitam ou não a petição da Procuradoria para julgamento.
(Reportagem de Juliette Jabkhiro, Dominique Vidalon e Elizabeth Pineau)