Por Riham Alkousaa e Maria Sheahan
BERLIM (Reuters) - O líder da Igreja Católica na Alemanha pediu desculpas nesta terça-feira "por todas as falhas e sofrimento" depois que um relatório mostrou que milhares de crianças foram abusadas sexualmente pelo clero, e disse que "os culpados devem ser punidos".
Pesquisadores de três universidades alemãs examinaram 38.156 arquivos pessoais referentes a um período de 70 anos encerrado em 2014 e descobriram indícios de abuso sexual de 1.670 clérigos e mais de 3.700 possíveis vítimas.
A revista alemã Der Spiegel noticiou as descobertas no mais cedo neste mês depois que o relatório vazou. O escândalo ocorre em um momento no qual a Igreja Católica enfrenta uma onda de novos casos em países como Chile, Estados Unidos e Argentina.
"Aqueles que são culpados devem ser punidos", disse o cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência dos Bispos da Alemanha, em uma coletiva de imprensa para o lançamento do relatório na cidade de Fulda.
"Durante tempo demais nós da Igreja fizemos vista grossa, negamos, acobertamos e não queríamos que isso fosse verdade", acrescentou ele.
"Por todas as falhas, dor e sofrimento, eu devo pedir desculpas como presidente da Conferência dos Bispos, assim como pessoalmente", disse Marx.
"O estudo nos mostra claramente que a Igreja Católica de forma alguma superou essa questão de lidar com abuso sexual de menores".
Harald Dressing, do Instituto Central de Saúde Mental e um dos autores do relatório, disse durante a coletiva de imprensa que o abuso sexual por parte de clérigos da Igreja Católica não acabou.
Ele disse que muitos casos provavelmente nunca foram denunciados ou levados a sério o suficiente para serem mencionados nas fichas.
"Os números resultantes (no relatório) são a ponta de um iceberg cujo tamanho real não conseguimos avaliar", acrescentou Dressing.