Por Katya Golubkova
MOSCOU (Reuters) - O presidente Alexander Lukashenko voou à Rússia nesta segunda-feira para pedir mais apoio a seu protetor, Vladimir Putin, já que a repressão à oposição de Belarus não dá sinais de dispersar os protestos contra um dos aliados mais próximos de Moscou.
A mídia estatal bielorrussa mostrou Lukashenko desembarcando de seu avião em Sochi, estância do Mar Negro em que o presidente russo recebe dignitários em visita com frequência. Agências de notícias russas relataram que as conversas começaram pouco depois.
Mais de 100 mil pessoas desafiaram as forças de segurança bielorrussas cada vez mais agressivas no domingo para tomar as ruas pelo quinto final de semana consecutivo, exigindo que Lukashenko renuncie.
Lukashenko, que está no poder há 26 anos, rotulou as manifestações como um complô ocidental e depositou o destino nas mãos de Moscou, pedindo apoio econômico e ajuda militar.
A oposição o acusa de forjar uma vitória em uma eleição no mês passado, o que ele nega. Desde então, milhares de pessoas foram detidas e quase todos os principais líderes de oposição foram presos, deportados ou obrigados a se exilar.
A polícia disse ter detido 774 pessoas nos protestos de domingo.
A oposição disse temer que Lukashenko tente vender a independência bielorrussa pelo apoio de Putin. Sviatlana Tsikhanouskaya, candidata de oposição cujos apoiadores afirmam ter sido a verdadeira vencedora da eleição, disse que nenhum acordo firmado por Lukashenko com Putin terá validade.
"Quero lembrar Vladimir Putin: o que quer que você aceite e o que quer que combine durante a reunião em Sochi não terá peso legal", escreveu ela na rede social Telegram.
"Todos os acordo assinados com um Lukashenko ilegítimo serão revisados pela nova liderança. Porque o povo bielorrusso se recusou a depositar sua confiança em Lukashenko e apoiá-lo na eleição. Lamento muito que você tenha."
O Ocidente tem reagido com cautela, equilibrando a solidariedade ao movimento pró-democracia com o medo de provocar uma intervenção russa, e líderes europeus telefonaram a Putin diversas vezes para expressar preocupação. O mais recente foi o presidente francês, Emmanuel Macron, e Paris disse que ele renovou pedidos de uma solução pacífica que respeite o desejo do povo de Belarus.
O custo do auxílio de Putin poderia ser a submissão de Lukashenko a um domínio russo ainda maior. Há tempos o Kremlin pressiona por uma integração mais estreita, inclusive uma moeda comum, mas Lukashenko resiste a algumas dessas medidas.
(Reportagem adicional de Maria Kiselyova e Gabrielle Tetrault-Farber)