CARTUM (Reuters) - O presidente deposto do Sudão, Omar al-Bashir, foi transferido de sua residência para a prisão de Kobar, na capital Cartum, disseram duas fontes da família dele nesta quarta-feira, e uma fonte da prisão disse que o ex-líder está na solitária sob um forte esquema de segurança.
Os militares do Sudão depuseram Bashir depois de semanas de protestos em massa, cujo clímax foi uma ocupação diante do complexo do Ministério da Defesa. As manifestações continuam, e seus líderes dizem que os tumultos não cessarão até que o governista Conselho Militar de Transição entregue o poder a uma autoridade civil antes da realização de eleições.
A Associação de Profissionais Sudaneses, que lidera os protestos, pediu mudanças abrangentes que acabem com a repressão violenta à dissidência, extirpem a corrupção e o nepotismo e amenizem uma crise econômica que piorou durante os últimos anos do governo Bashir.
Algumas das primeiras medidas do Conselho para combater a corrupção foram ordenar que o Banco Central revise as transferências financeiras feitas desde 1º de abril e confiscar fundos "suspeitos", relatou a agência estatal de notícias Suna nesta quarta-feira.
A Suna noticiou que o Conselho também ordenou a "suspensão da transferência de propriedade de quaisquer ações até segunda ordem e que qualquer transferência grande ou suspeita de ações ou empresas seja relatada" às autoridades estatais.
Bashir, de 75 anos, foi detido e submetido a uma forte vigilância na residência presidencial dentro do complexo que também abriga o Ministério da Defesa, e na noite de terça-feira foi conduzido à prisão de Kobar, segundo as fontes da família.
Kobar, pouco ao norte do centro de Cartum e adjacente ao rio Nilo Azul (SA:AZUL4), recebeu milhares de prisioneiros políticos durante o governo repressivo de Bashir e é o presídio mais conhecido do país.
Ao menos alguns prisioneiros políticos foram libertados desde a deposição de Bashir, inclusive várias figuras da Associação dos Profissionais Sudaneses.
Awad Ibn Auf, um islâmico como Bashir, comandou o Conselho a princípio, mas renunciou após um dia no cargo. Abdel Fattah al-Burhan, que iniciou um diálogo improvisado com manifestantes nas ruas da capital, agora controla o conselho e prometeu realizar eleições dentro de dois anos.
Bashir comandou o Sudão durante 30 anos depois de tomar o poder através de um golpe militar com apoio islâmico.
Uganda estudará conceder asilo a Bashir, apesar de ele ter sido indiciado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), disse um funcionário do Ministério das Relações Exteriores em Kampala nesta quarta-feira.
(Por Khalid Abdelaziz em Cartum e Elias Biryabarema em Kampala)