Por Paul Carrel e Joseph Nasr
BERLIM (Reuters) - Os parceiros de coalizão da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, deram um ultimado à líder conservadora até o próximo ano para entregar mais resultados no governo, ameaçando acabar com a aliança se não houver avanços depois que ambos os partidos perderem terreno em eleições regionais deste domingo.
A conservadora União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, ficou em primeiro lugar nas eleições do Estado de Hesse, no oeste do país, mas teve apenas 28 por cento dos votos, segundo pesquisa divulgada pela emissora ARD. O resultado marcou uma queda marcante em relação aos 38,3 por cento que a CDU obteve na eleição passada em Hesse, em 2013.
O Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, se saiu ainda pior, ficando com apenas 20 por cento dos votos --seu pior resultado no Estado desde 1946-- contra 30,7 por cento no pleito passado. O partido quase foi superado pelos verdes, que ficaram em terceiro com 19,5 por cento.
A líder do SPD, Andrea Nahles, disse que vai avaliar o progresso da coalizão governista, que tem sido atormentada por conflitos internas, ao realizar uma revisão da parceria no ano que vem.
"Poderemos então avaliar a implementação deste roteiro na revisão, quando poderemos ver claramente se esse governo é o lugar certo para nós", disse Nahles a repórteres. "O estado do governo é inaceitável."
Sua mensagem foi clara: o SPD precisa ser capaz de mostrar resultados tangíveis a seus apoiadores no próximo ano, ou então os líderes do partido sairão da coalizão com Merkel.
Volker Bouffier, atual primeiro-ministro do Estado de Hesse pela CDU e aliado de Merkel, disse que seu partido alcançou o objetivo de liderar o próximo governo estadual, mas acrescentou: "Estamos sofrendo por causa das perdas".
"A mensagem para os partidos em Berlim é: as pessoas querem menos disputas e mais foco nas questões importantes", disse.
O fraco resultado da CDU em Hesse, depois que seu partido-irmão no Estado da Baviera, o CSU (SA:CARD3), sofreu seu pior resultado desde 1950 duas semanas atrás, pode turbinar um debate sobre quem sucederá Merkel e quando. Ela é chanceler há 13 anos.
Os problemas internos de Merkel podem limitar sua capacidade de liderança na União Europeia, no momento em que o bloco está lidando com o Brexit, uma crise orçamentária na Itália e a perspectiva de partidos populistas obterem ganhos nas eleições para o Parlamento Europeu em maio próximo.