Washington, 19 abr (EFE).- O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano John Boehner, afirmou neste domingo que acredita que o Congresso tentará barraar algumas das medidas que o presidente americano, Barack Obama, está tomando em relação à Cuba mediante um processo de orçamento que começará no final deste mês.
Em uma entrevista à rede de televisão "Fox News", Boehner lamentou a decisão de Obama de retirar Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo, elaborada anualmente pelo Departamento de Estado, e que representa a imposição de sanções.
"O presidente continua dando, dando e dando, e eu quero ver o que os irmãos Castro estão dando. Eles não fizeram nada. Acho que isto não é sensato, não é útil, e acho que não levará a quase nenhum lugar", disse Boehner.
Perguntado pelo que a Câmara dos Representantes fará a respeito, Boehner afirmou que há "um processo de adjudicação (de orçamento) que vai começar no final deste mês".
"Eu espero que, no processo de legislação sobre despesas, haverá provisões acrescentadas que congelarão a capacidade do presidente de fazer muitas das coisas que ele diz que vai fazer. Vai a ser um assunto muito disputado aqui na Câmara dos Representantes e no Senado", acrescentou Boehner.
O Congresso tem 45 dias para estudar a decisão de Obama de retirar Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo, e tem a opção de apresentar um projeto de lei para tentar revogá-la.
No entanto, Obama poderia vetar esse projeto e seria complicado para os legisladores reunir os votos necessários para derrubar esse veto, por isso que, por enquanto, nenhum líder republicano apostou publicamente nessa via.
Em seu lugar, Boehner acredita que o Congresso "poderá se pronunciar através do processo de despesas", um mecanismo ao que os líderes republicanos recorreram nos últimos anos para tentar invalidar - sem sucesso - algumas iniciativas de Obama, como a reforma da saúde ou as ações executivas sobre imigração.
Boehner junto com vários legisladores de origem cubana, como o senador republicano Marco Rubio, o senador democrata Bob Menéndez e o legislador republicano Mario Díaz-Balart, condenaram a decisão de Obama, divulgada na última terça-feira, de retirar Cuba da lista do terrorismo, na qual estava desde 1982.
Rubio, Menéndez e Díaz-Balart denunciaram que Cuba continua a abrigar fugitivos da Justiça americana, entre eles Joanne Chesimard, que está na lista dos terroristas mais procurados pelo FBI por assassinar um policial em 1973.
A retirada de Cuba da lista, reivindicada há anos pelo governo da ilha, é um passo chave para concluir o processo de normalização das relações diplomáticas entre os dois países, iniciado em dezembro.