Por Arshad Mohammed e John Irish
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Líderes ocidentais discordaram nesta terça-feira sobre como parar o que veem como comportamento desestabilizador do Irã, com Estados Unidos e Israel criticando um acordo nuclear internacional com Teerã, enquanto o França defendeu.
Fazendo sua estreia na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o Irã de exportar “violência, derramamento de sangue e caos” e de buscar projetar sua influência no Iêmen, Síria e outros lugares em uma região repleta de conflitos sectários entre muçulmanos sunitas e xiitas.
“Não podemos deixar um regime assassino continuar estas atividades desestabilizadores enquanto constrói perigosos mísseis, e não podemos respeitar um acordo caso forneça proteção para uma eventual construção de um programa nuclear”, disse Trump.
Ele guardou suas palavras mais severas para o acordo de 2015 feito entre o Irã e seis grandes potências mundiais, sob o qual Teerã concordou em restringir seu programa nuclear em troca de alívio de sanções econômicas. O acordo foi negociado durante o governo do ex-presidente democrata Barack Obama, cujas políticas são frequentemente criticadas por Trump, um republicano.
“O acordo do Irã foi uma das piores e mais unilaterais transações que os Estados Unidos já entraram. Francamente, este acordo é uma vergonha para os Estados Unidos, e eu não acho que vocês ouviram tudo sobre isto – acreditem em mim”, disse Trump em seu discurso aos participantes.
Em contraste, o presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou o acordo durante seu discurso e disse ser inconcebível abandoná-lo.
“Renunciá-lo seria um grave erro, não respeitá-lo seria irresponsável, porque é um bom acordo que é essencial para a paz em um momento em que o risco de uma conflagração infernal não pode ser excluído”, disse Macron.
Macron afirmou ter deixado isto claro para Trump e o presidente iraniano, Hassan Rouhani, quando os encontrou na segunda-feira.
Macron e outros apoiadores do acordo dizem que enfraquecer ou rejeitar o acordo iria acrescentar combustível a um barril de pólvora regional e dissuadir a Coreia do Norte de negociar sobre seu programa nuclear.
“DISCURSO DE ÓDIO”?
O Irã respondeu enraivecido às afirmações de Trump.
“Os discursos de ódio ignorantes de Trump pertencem aos tempos medievais – não à ONU do século 21 – indignos de uma resposta”, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, principal negociador do Irã para o acordo nuclear, em publicação no Twitter.
O presidente dos EUA deve decidir até 15 de outubro se irá certificar que o Irã está cumprindo o pacto, uma decisão que pode afundar o acordo. Caso não certifique, o Congresso dos EUA possui 60 dias para decidir se irá reimpor sanções suspensas durante o acordo.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também foi abundante em críticas ao acordo nuclear, embora autoridades israelenses admitam privadamente que ter algumas restrições sobre o programa iraniano é melhor do que não ter nenhuma.
“Mude-o, ou cancele-o. Corrija-o, ou cancele-o”, disse Netanyahu em seu discurso na ONU.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447765)) REUTERS TR