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Líderes financeiros do G20 destacam "pouso suave" da economia global e alertam para riscos de guerras

Publicado 26.07.2024, 10:23
© Reuters. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante reunião de líderes finaneiros do G20 no Rio de Janeiron25/07/2024. REUTERS/Tita Barros

Por Marcela Ayres e Bernardo Caram

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os líderes financeiros do G20 disseram nesta sexta-feira que a economia global provavelmente está caminhando para um “pouso suave”, mas alertaram que guerras e conflitos crescentes poderiam pôr em risco essa perspectiva, enquanto uma maior cooperação global poderia tornar o crescimento mais forte.

Em um comunicado conjunto após uma reunião de dois dias no Rio de Janeiro, os ministros das Finanças e os presidentes dos bancos centrais do Grupo das 20 principais economias do mundo também se comprometeram a resistir ao protecionismo no comércio e reforçaram a necessidade de reduzir as desigualdades econômicas.

No mês passado, o Banco Mundial previu que a economia global evitaria um terceiro declínio consecutivo no crescimento desde um grande salto pós-pandemia em 2021, com a expansão de 2024 se estabilizando em 2,6%, em linha com 2023, mas alertou que a produção geral permaneceria bem abaixo dos níveis anteriores à pandemia até 2026.

“Estamos encorajados pela crescente probabilidade de um pouso suave da economia global, embora vários desafios permaneçam”, afirma o comunicado. “Os riscos negativos incluem guerras e conflitos crescentes”, acrescentou.

Ao evitarem menções explícitas aos conflitos na Ucrânia e Gaza, os diplomatas têm trabalhado para contornar os desacordos entre a Rússia e as principais nações ocidentais que inviabilizaram um consenso na reunião dos chefes financeiros do G20 em fevereiro.

Para amenizar o desacordo, o Brasil elaborou uma declaração da presidência sobre questões geopolíticas, enfatizando que esses assuntos serão tratados pelos líderes do G20 em novembro.

"O G20 tomou uma decisão sábia, que foi colocar os temas geopolíticos no lugar deles para permitir que a agenda da cooperação avançasse", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista coletiva.

Haddad também saudou a primeira declaração do grupo apelando à cooperação para tributar eficazmente as maiores fortunas do mundo, embora essa declaração conjunta separada tenha encoberto as divergências sobre o fórum certo para fazer avançar essa agenda de tributação.

O comunicado do G20 afirma que a atividade econômica provou ser mais resiliente do que o esperado em muitas partes do mundo, mas a recuperação foi altamente desigual entre os países, contribuindo para o risco de divergência econômica.

BALANÇO DE RISCOS

O documento apontou riscos para a perspectiva econômica que permanecem amplamente equilibrados, com desinflação mais rápida do que o esperado e inovações tecnológicas, como o desenvolvimento seguro da Inteligência Artificial (IA), citados entre os riscos de alta.

Mas, ao mesmo tempo, a tecnologia de IA também pode se tornar um risco negativo para o crescimento, segundo o documento, juntamente com a fragmentação econômica e a inflação persistente que mantêm as taxas de juros mais altas por mais tempo, eventos climáticos extremos e endividamento excessivo.

A mudança climática e a perda significativa de biodiversidade foram os principais tópicos de preocupação no documento, que alertou que, se as nações mais pobres tiverem que arcar com mais custos do combate à mudança climática, isso só irá piorar a desigualdade econômica global.

“Reiteramos o entendimento de que o custo da inação é maior do que o custo da ação”, afirma o comunicado.

© Reuters. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante reunião de líderes finaneiros do G20 no Rio de Janeiro
25/07/2024. REUTERS/Tita Barros

O documento também intensificou a linguagem que apela a uma reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), que daria às economias emergentes e em desenvolvimento uma maior influência no organismo credor.

O comunicado do G20 sublinhou a “urgência e importância do realinhamento das quotas para melhor refletir as posições relativas dos membros na economia mundial”.

(Reportagem de Marcela Ayres, Bernardo Caram e Jan Strupczewski)

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