Por Ali Kucukgocmen
ISTAMBUL (Reuters) - Líderes muçulmanos rejeitaram o reconhecimento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de Jerusalém como capital de Israel nesta quarta-feira e pediram que o mundo responda reconhecendo Jerusalém Oriental como capital da Palestina.
O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, anfitrião de uma cúpula de mais de 50 países muçulmanos em Istambul, disse que a medida dos EUA significa que Washington abdicou de seu papel de mediador dos esforços para encerrar o conflito israelo-palestino.
"De agora em diante, está fora de questão os tendenciosos EUA serem um mediador entre Israel e a Palestina, este período acabou", afirmou Erdogan ao final da reunião dos países-membros da Organização para a Cooperação Islâmica. "Precisamos debater quem será o mediador de agora em diante. Isso precisa ser tratado na ONU (Organização das Nações Unidas) também."
Um comunicado publicado no site do Ministério das Relações Exteriores turco disse que os emires, presidentes e ministros reunidos em Istambul veem a ação de Trump "como um anúncio da retirada do governo dos EUA de seu papel de patrocinador da paz".
A entidade descreveu a decisão como "um solapamento deliberado de todos os esforços de paz, um ímpeto (por) extremismo e terrorismo, e uma ameaça à paz e à segurança internacionais". Líderes como o presidente palestino, Mahmoud Abbas, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, e o rei Abdullah da Jordânia, aliada próxima dos EUA, criticaram a medida norte-americana. "Jerusalém é e sempre será a capital da Palestina", disse Abbas, acrescentando que a decisão de Trump foi "o maior dos crimes" e uma violação da lei internacional. A gestão Trump diz continuar comprometida a alcançar a paz entre israelenses e palestinos e que sua decisão não afeta as fronteiras ou o status futuros de Jerusalém. Além disso, sustenta que qualquer acordo de paz futuro plausível colocará a capital israelense em Jerusalém e que é preciso descartar políticas antigas para ressuscitar o processo de paz, interrompido desde 2014.
Mas Abbas disse aos líderes reunidos na cidade turca que Washington mostrou que não pode mais ser um intermediário honesto. Jerusalém, reverenciada por judeus, muçulmanos e cristãos, está no cerne do conflito israelo-palestino há décadas. Israel capturou a árabe Jerusalém Oriental na Guerra dos Seis Dias de 1967 e a anexou, uma ação jamais reconhecida internacionalmente. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Washington tem um papel insubstituível para desempenhar na região.
(Reportagem adicional de Daren Butler e Parisa Hafezi em Istambul, Tulay Karadeniz em Ancara, John Davison e Nadine Awadalla no Cairo e Jeffrey Heller em Jerusalém)