JACARTA (Reuters) - Líderes políticos e religiosos de todo o mundo expressaram repúdio e tristeza perante os ataques a tiros em duas mesquitas da Nova Zelândia nesta sexta-feira, e alguns culparam políticos e a mídia por terem incitado o ódio aos muçulmanos que levou ao massacre.
Enquanto governos da Ásia e do Oriente Médio se mobilizavam para descobrir quantos de seus cidadãos foram vitimados pelo massacre em Christchurch, houve quem demonstrasse revolta pelo fato de os agressores terem atacado fiéis durante as orações de sexta-feira.
"Atribuo estes ataques terroristas crescentes à atual islamofobia pós-11 de Setembro, (por causa da qual) 1,3 bilhão de muçulmanos têm sido culpados coletivamente por qualquer ato de terrorismo", publicou o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, em redes sociais.
O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse que o ataque é resultado da demonização dos muçulmanos. "Não somente os perpetradores, mas também políticos e a mídia que alimentam a islamofobia já exacerbada e o ódio no Ocidente são igualmente responsáveis por este ataque hediondo", escreveu ele no Twitter.
O ministro de Estado das Relações Exteriores de Bangladesh, Shahriar Alam, disse ter sido uma "sorte extrema" que o time de críquete do país, que estava em Christchurch para uma partida contra a Nova Zelândia, não tenha sofrido baixas. Os jogadores chegavam para as orações de sexta-feira quando os disparos começaram.
"Nem consigo imaginar o que teria acontecido se eles tivessem chegado cinco minutos mais tarde", disse ele em redes sociais.
Centenas de manifestantes revoltados em Daca, capital de Bangladesh, bradaram "allahu akbar" (Deus é o maior) depois das orações desta sexta-feira.
"Não permitiremos que o sangue de muçulmanos escorra em vão", disse um deles.
A polícia neozelandesa disse que 49 pessoas foram mortas. Três homens e uma mulher estão sob custódia, e um homem foi acusado de assassinato. A premiê, Jacinda Ardern, disse que algumas das vítimas podem ser novos imigrantes e refugiados.
"Eles são nós", afirmou. "A pessoa que perpetuou esta violência contra nós não é. Eles não têm lugar na Nova Zelândia".
Seu colega australiano, Scott Morrison, disse que um cidadão de seu país preso após o ataque é um "terrorista extremista e violento de direita".
Cidade de cerca de 400 mil pessoas, Christchurch tem uma comunidade islâmica pequena, que inclui estudantes estrangeiros.
Sadiq Khan, o primeiro prefeito muçulmano de Londres, disse que os londrinos estão ao lado do povo de Christchurch.
"Quando as chamas do ódio são atiçadas, quando as pessoas são demonizadas por causa de sua fé, quando os medos das pessoas são explorados, ao invés de tratados, as consequências são fatais, como vimos hoje com tanta tristeza", disse.
A rainha Elizabeth, do Reino Unido, disse que está profundamente entristecida com o massacre.
"Estou profundamente entristecida com os terríveis acontecimentos em Christchurch hoje. O príncipe Philip e eu enviamos nossas condolências às famílias e amigos daqueles que perderam suas vidas", disse a rainha em um comunicado.
"Também presto homenagem aos serviços de emergência e voluntários que prestam apoio àqueles que foram feridos. Neste momento trágico, meus pensamentos e orações estão com todos os neozelandeses".
(Reportagem de Agustinus Beo Da Costa e Gayatri Suroyo, em Jacarta; Nadine Awadall, no Cairo; Ruma Paul, em Daca; Joseph Sipilan, em Kuala Lumpur; Krishna N. Das, em Nova Délhi; Mike Holden, em Londres; Gwladys Fouche, em Oslo; Jan Strupczewski, em Bruxelas; e Micelle Martin, em Berlim)