BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que espera receber a Venezuela de volta no Mercosul "logo", e reiterou confiança na realização de eleições neste mês no país vizinho de forma tranquila e com resultados reconhecidos por todos.
"O bom funcionamento do Mercosul, que agora tem a satisfação de acolher a Bolívia como membro pleno, concorre para a prosperidade comum. Esperamos também receber logo e muito rapidamente de volta a Venezuela", disse Lula em declaração durante visita oficial a Santa Cruz de la Sierra, um dia após o ingresso formal dos bolivianos no bloco sul-americano.
"A normalização da vida política venezuelana significa estabilidade para toda a América do Sul. Por isso, fazemos voto de que as eleições transcorram de forma tranquila e que os resultados sejam reconhecidos por todos", acrescentou.
A Venezuela foi suspensa pelo Mercosul em 2016 por ter violado a cláusula democrática do bloco. Uma eleição presidencial está marcada para 28 de julho, a ser disputada pelo atual presidente, Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013, e o ex-diplomata Edmundo González.
A credibilidade do processo eleitoral do país tem sido colocada sob desconfiança internacional após medidas como a revogação do convite para observadores eleitorais da União Europeia e a proibição, por parte de um tribunal, à candidatura da ex-deputada Maria Corina Machado, líder da oposição no país.
Na visita a Santa Cruz de La Sierra, Lula disse também que a Bolívia manifestou interesse em ingressar no Brics, decisão que o Brasil vê como muito positiva, e que a ampliação do grupo continuará a ser discutida em uma cúpula na Rússia em outubro.
No pronunciamento conjunto com o presidente boliviano, Luis Arce, Lula citou discussões sobre fortalecer parcerias entre os dois países voltadas para energia e fertilizantes.
"A Bolívia segue sendo o principal fornecedor de gás natural do Brasil. Conversamos sobre a possibilidade de ampliar investimentos nessa área e incrementar o volume exportado para o mercado brasileiro. O Brasil também importa fertilizantes da Bolívia. Queremos fortalecer essa parceria com a implantação de uma fábrica de nitrogenados entre Corumbá e Puerto Quijarro", afirmou.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Victor BorgesEdição de Pedro Fonseca)