Por Lisandra Paraguassu e Eduardo Simões
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta quarta-feira, em publicação em uma rede social, que o grupo militante palestino Hamas liberte crianças israelenses feitas reféns após os ataques lançados contra Israel no sábado, e que Israel pare de bombardear a Faixa de Gaza.
Na publicação, que Lula afirmou se tratar de um "apelo" em defesa das crianças palestinas e israelenses, o presidente também pediu uma intervenção humanitária internacional na região e o fim imediato do conflito.
"É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra", escreveu Lula na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter.
"É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas."
Essa foi a manifestação mais contundente do presidente desde o dia do ataque do Hamas a Israel, quando Lula condenou, também pelas redes sociais, o que chamou de "ataque terrorista".
A maior preocupação do governo brasileiro no momento é a situação dos reféns levados pelo Hamas e a necessidade de abrir um corredor humanitário para retirada da população da Faixa de Gaza, área palestina dominada pelo Hamas e agora sob ataque de Israel.
O Brasil ocupa neste mês a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU e, logo depois do ataque, convocou uma reunião de emergência do colegiado. Há possibilidade de que uma nova reunião aconteça nos próximos dias, mas ainda não há uma convocação.
Em sua publicação, Lula lembrou o papel do país no Conselho de Segurança.
"O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo", disse.
Uma fonte diplomática brasileira ouvida pela Reuters afirma que as expectativas para avanços de curto prazo na violência entre israelenses e palestinos são baixas, e o Brasil pretende focar em alguma solução para ajuda humanitária.
“É uma situação que vem se deteriorando há anos, não dá para imaginar que vai ter algum avanço durante a presidência brasileira”, disse a fonte. “O que vai se tentar fazer é andar algumas medidas para aliviar a situação humanitária, para a saída de quem quiser deixar Gaza.”
Outro problema que o Conselho deve tratar e preocupa o Brasil -- daí a mensagem do presidente -- é a situação dos reféns tomados pelo Hamas, que seriam entre 100 e 150, incluindo crianças. De acordo com um porta-voz do governo israelense, haveria brasileiros entre eles.
O Itamaraty, no entanto, ainda não conseguiu confirmar a informação. A embaixada em Tel Aviv está tentando verificar a veracidade do relato com o governo israelense e identificar os possíveis reféns.
(Edição Alberto Alerigi Jr. e Pedro Fonseca)