Por Kylie MacLellan e Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - O líder do partido de direita Partido de Independência do Reino Unido (Ukip), Nigel Farage, anunciou nesta segunda-feira sua renúncia após alcançar o objetivo de vencer o referendo pela saída do Reino Unido da União Europeia, na mais recente reviravolta no conturbado cenário político do país.
A renúncia do audacioso ex-trader de commodities pode deixar um dos mais efetivos e importantes líderes da campanha anti-UE de fora do debate sobre como a Grã-Bretanha vai romper os laços com os outros 27 países do bloco.
Mas também pode dar ao partido Ukip --que sob o sistema eleitoral britânico obteve apenas um assento no Parlamento no ano passado apesar de ter recebido 12,6 por cento dos votos-- uma oportunidade para escolher uma figura menos polarizadora e assumir um papel principal em um quadro político radicalmente modificado.
O referendo de 23 de junho que decidiu pela saída britânica da UE, o chamado "Brexit", colocou os dois principais partidos políticos em crise. O governista Partido Conservador está buscando um substituto para o primeiro-ministro David Cameron, enquanto parlamentares trabalhistas, de oposição, aprovaram um voto de não confiança para o líder Jeremy Corbyn.
"Eu nunca fui, e nunca quis ser, um político de carreira. Meu objetivo na política era tirar a Grã-Bretanha da União Europeia", disse Farage a repórteres.
"Durante a campanha do referendo, eu disse 'quero meu país de volta'. O que eu estou dizendo hoje é 'quero a minha vida de volta', e isso começa bem agora".
As disputas pela liderança dos principais partidos políticos têm aumentado as incertezas num momento em que a Grã-Bretanha enfrenta sua maior mudança desde a dissolução de seu império nas décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial.
Não é a primeira vez que Farage entrega a liderança do partido. Ele deixou o posto em maio de 2015 por não ter conseguido uma vaga no Parlamento na eleição geral, mas desistiu da renúncia três dias depois.
Farage, de 52 anos, é membro do Ukip desde seu nascimento, em 1993, e foi eleito ao Parlamento Europeu pela primeira vez em 1999.