PARIS (Reuters) - O líder de extrema-esquerda francês Jean-Luc Mélenchon convocou nesta quarta-feira um dia nacional de protesto para a semana que vem contra planos do governo para cortar gastos e adotar reformas tributárias e trabalhistas pró-empresariado.
Mélenchon, que concorreu à Presidência este ano sem sucesso e hoje é membro do Parlamento, se pronunciou um dia depois da aprovação de uma moção de confiança para os planos do presidente da França, Emmanuel Macron, que ele disse estar ficando embriagado pelo poder e tentando desfazer décadas de progresso em direitos trabalhistas cruciais.
"Peço a meus amigos de todo o país que organizem passeatas em 12 de julho", disse Mélenchon, líder do partido França Insubmissa que recebeu um quinto dos votos no primeiro turno da eleição presidencial em abril.
Falando à BFM TV, Mélenchon criticou duramente os dois primeiros meses de Macron no cargo. Nesta semana Macron convocou uma reunião especial com as duas Casas do Parlamento durante a qual disse a seus membros que irá recorrer a um referendo para aprovar reformas parlamentares se necessário.
"Estamos seguindo por um caminho no qual ele está ficando inebriado com sua onipotência", disse o político de 65 anos, conhecido pelo uso de uma linguagem forte.
"Ele acha que consegue resolver todos os problemas à força. Ele está errado".
Mélenchon mobilizou o voto da esquerda militante na disputa presidencial e emergiu como uma voz poderosa de uma esquerda fragmentada – mas sua sigla só conquistou 17 cadeiras na eleição parlamentar que deu ao partido de Macron, A República em Marcha (LREM, na sigla em francês), uma grande maioria na câmara baixa de 577 assentos.
Além disso, até agora as poderosas centrais sindicais francesas não esboçaram reação ao programa delineado pelo primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, na terça-feira.
(Por Andrew Callus e Cyril Camu)