Por Andrea Shalal e Christian Shepherd
HAMBURGO, Alemanha/PEQUIM (Reuters) - Um especialista alemão em câncer foi convidado para examinar o dissidente chinês Liu Xiaobo e já se encontra no hospital do nordeste da China que está tratando o Prêmio Nobel da Paz, disse uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha nesta sexta-feira.
Liu, de 61 anos, foi preso por 11 anos em 2009 por "incitar a subversão do poder estatal" depois de ajudar a redigir uma petição conhecida como "Carta 08" pedindo reformas políticas abrangentes na China.
Recentemente ele foi transferido da prisão para um hospital de Shenyang, cidade do nordeste chinês, para ser tratado de um câncer de fígado em estado terminal.
"Soubemos que sua condição deteriorou rapidamente. Estamos muito preocupados com isso", disse a fonte alemã.
O hospital convidou médicos dos Estados Unidos e da Alemanha para ajudarem com o tratamento de Liu, informou o departamento de justiça da cidade de Shenyang na quarta-feira.
Na noite local desta sexta-feira o hospital disse que o apetite de Liu estava "bastante fraco" e que um fluido abdominal que se acumulou foi drenado.
Uma mulher que atendeu o telefone do hospital mais cedo nesta sexta-feira disse não estar a par do caso de Liu.
Na quinta-feira seu cunhado, Liu Hui, negou em uma carta divulgada pelo hospital que os médicos pararam de medicá-lo na esteira de rumores de que o dissidente está doente demais para continuar o tratamento.
Um amigo da família de Liu disse que a medicação foi suspensa porque seu fígado não consegue absorvê-la.
"O governo chinês muitas vezes pressiona familiares para que escrevam comunicados ou gravem vídeos fazendo declarações a seu favor", disse Patrick Poon, pesquisador chinês do grupo de direitos humanos Anistia Internacional, em uma mensagem em referência à carta.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, não quis comentar nesta sexta-feira o tratamento de Liu e o acesso da mídia à sua família.
(Reportagem adicional de Ben Blanchard em Pequim Tom Miles em Genebra)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES