Por Alexandra Alper e Anahi Rama
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Ministros do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vão provavelmente ter uma recepção fria no México nesta quarta-feira, depois que os EUA divulgaram novas orientações migratórias que irritaram profundamente o vizinho do sul no dia anterior às conversas bilaterais.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA divulgou na terça-feira planos para considerar sujeitos à deportação quase todos os imigrantes ilegais e vai buscar enviar muitos deles para o México se tiverem entrado nos EUA por território mexicano, independentemente da nacionalidade.
A tensão por conta do momento do anúncio das regras se assemelha à indignação de quando Trump tuitou que o México deveria pagar pelo seu planejado muro de fronteira, pouco antes da programada chegada do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, em Washington em janeiro.
O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, e o de Segurança Interna, John Kelly, chegam na tarde desta quarta ao México, segundo a previsão, para conversas que, de acordo com a Casa Branca, iriam tratar da implementação das medidas migratórias de Trump.
O ministro do Exterior do México, Luis Videgaray, afirmou que de maneira nenhuma o México aceitaria as novas regras, que, entre outras coisas, buscar deportar não mexicanos para o país.
"Eu quero dizer de forma clara e enfática que o governo do México e o povo do México não têm que aceitar medidas que um governo unilateralmente quer impor sobre o outro”, afirmou Videgaray à imprensa no Ministério do Exterior.
Ele disse que o tema dominaria as reuniões, que ocorrem na quarta e na quinta-feira.
"Nós não vamos aceitar isso, porque não há razão para aceitar, e porque não interessa ao México.”
Roberto Campa, que chefia o setor de direitos humanos do Ministério do Interior, disse que Videgaray se referia ao plano para deportar não mexicanos para o México, chamando a ideia de “hostil” e “inaceitável”.
Sean Spicer, porta-voz da Casa Branca, descreveu as relações entre EUA e México como saudáveis e fortes e disse esperar uma “grande discussão”.
"Eu acho que a relação com México agora é fenomenal”, declarou.
As orientações da Segurança Interna para imigração são parte de um plano mais abrangente de segurança de fronteira, parte de decretos que o presidente republicano assinou em 25 de janeiro.
Na Guatemala, nesta quarta, Kelly disse a jornalistas que o decreto sobre imigração tem como objetivo capturar imigrantes sem documentação legal e enviá-los de volta para os seus países de origem.
A pauta do México para as discussões na quinta incluem infra-estrutura de fronteira, estratégias de deportação, migração da América Central, drogas, tráfico de armas, terrorismo e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, disse à Reuters uma autoridade familiar com o tema.
(Reportagem adicional de Gabriel Stargardter)