Por Raya Jalabi
BEIRUTE (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, alertou os líderes libaneses que eles correm risco de sofrer sanções se não derem um rumo novo à nação dentro de três meses, aumentando a pressão por reformas em um país que desmorona sob o peso de uma crise econômica.
Visitando-o pela segunda vez em menos de um mês, Macron assinalou o centenário do Líbano plantando um cedro, o emblema de uma nação que enfrenta a maior ameaça à sua estabilidade desde a guerra civil de 1975-90.
"É a última chance deste sistema", disse Macron em uma entrevista ao site Politico enquanto viajava para Beirute na segunda-feira. "É uma aposta arriscada a que estou fazendo, estou ciente disso... estou colocando a única coisa que tenho na mesa: meu capital político."
Macron disse que está buscando "compromissos criveis" e "um mecanismo de acompanhamento exigente" dos líderes libaneses, incluindo uma eleição legislativa em seis a 12 meses.
Caso não mudem de rumo nos próximos três meses, disse ele ao Politico, medidas punitivas podem ser impostas, entre elas reter um fundo de socorro financeiro e sanções à classe dominante.
Os políticos libaneses, alguns deles ex-guerreiros responsáveis por décadas de corrupção em escala industrial, enfrentam uma tarefa intimidadora, já que a economia está derretendo, uma parte de Beirute foi arrasada por uma explosão enorme no porto no dia 4 de agosto e as tensões sectárias estão aumentando.
Horas antes da chegada de Macron, na segunda-feira, um novo primeiro-ministro foi nomeado, Mustapha Adib, após o surgimento de um consenso entre grandes partidos que foi forjado sob pressão do presidente francês durante o final de semana.
Macron disse que usará sua influência para pressionar pela formação de um novo governo. Sem reformas, fundos prometidos em uma conferência de doadores de 2018 em Paris não serão liberados, disse.
Macron visitou Beirute logo após a explosão portuária, que matou mais de 190 pessoas e feriu 6 mil. Ele se encontrou com o presidente Michel Aoun para uma reunião e também se reunirá com as principais facções do país.
Já na capital libanesa, ele disse que a comunidade internacional precisa se manter concentrada na emergência do Líbano durante seis semanas e que está disposto a ajudar a organizar uma conferência internacional, em coordenação com a Organização das Nações Unidas (ONU), entre meados e o fim de outubro.
"Estou disposto a realizá-la em Paris", disse.
(Reportagem adicional de Michel Rose e Matthieu Protard em Paris)