Por Michel Rose e Dmitry Antonov
MOSCOU (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, principal líder ocidental a visitar Moscou desde que a Rússia começou a acumular tropas na fronteira com a Ucrânia, disse ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao início de uma reunião no Kremlin nesta segunda-feira que quer evitar a guerra e construir confiança.
Macron disse ao presidente russo que está buscando uma resposta "útil, que certamente nos permita evitar a guerra e construir confiança, estabilidade e visibilidade". De sua parte, Putin disse que a Rússia e a França "compartilham de uma preocupação comum sobre o que está acontecendo na esfera de segurança na Europa".
"Eu vejo quantas iniciativas a atual liderança francesa e o presidente, pessoalmente, estão empregando para resolver a crise relacionada à garantia de segurança igualitária na Europa, para uma perspectiva histórica séria", disse Putin.
Macron, que deve buscar sua reeleição em abril, se posicionou como um mediador em potencial, com as autoridades francesas expressando ceticismo em relação às previsões feitas por Washington, Londres e outros governos ocidentais de que o ataque da Rússia é iminente.
"O objetivo geopolítico da Rússia hoje claramente não é a Ucrânia, mas sim esclarecer as regras de coabitação com a Otan e a UE", disse Macron à publicação Journal du Dimanche na véspera de sua viagem à Rússia.
Em sua chegada, Macron disse a jornalistas: "Estou razoavelmente otimista, mas não acredito em milagres espontâneos".
O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov disse antes da reunião: "A situação é complexa demais para esperarmos avanços decisivos após apenas uma reunião".
A Rússia destacou mais de 100 mil tropas para as regiões de fronteira com a Ucrânia. O governo de Moscou nega planejar uma invasão, mas disse estar pronto para tomar "medidas militares e técnicas" não especificadas caso suas demandas não sejam atendidas, entre elas uma promessa da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de nunca admitir o ingresso da Ucrânia e de retirar algumas de suas tropas do Leste Europeu.
Washington rejeita as exigências russas, afirmando que elas não têm chance de avançar, mas o governo norte-americano se diz disposto a conversar sobre controle de armamentos e medidas de construção de confiança, o que segundo Moscou está além do atual cenário.
"Nos últimos dias, não há nada de novo sobre a questão das garantias de segurança à Rússia. Nossos interlocutores ocidentais preferem não mencionar esse tópico", disse Peskov.
Os Estados Unidos e seus aliados já descartaram uma eventual defesa da Ucrânia com o uso de forças militares, mas dizem que irão responder a qualquer invasão com sanções, envio de armamentos e reforços para países próximos que sejam membros da Otan.
Na semana passada, Biden ordenou o envio de 3 mil tropas dos EUA à Polônia e à Romênia para melhor proteger o flanco oriental da Otan. Um general norte-americano chegou à Polônia no sábado e o montante de novas tropas deve chegar na segunda-feira.
A Alemanha anunciou na segunda-feira que irá destacar 350 militares para a Lituânia para reforçar um grupo de batalha da Otan no país.