Por John Irish e Marine Pennetier
PARIS (Reuters) - O presidente francês Emmanuel Macron afirmou na terça-feira que garantir a segurança nacional estaria no centro da atividade diplomática francesa e estabeleceu erradicar o "terrorismo islâmico" como a principal meta de sua política externa.
Seguindo uma política baseada largamente em interesses ideológicos, a França tem sido rápida nos últimos anos em intervir militarmente em conflitos tais como os da Líbia, Mali e República Centro-Africana.
Em seu primeiro discurso anual aos 170 embaixadores da França, Macron confirmou uma mudança já notável - prometendo focar em iniciativas que pudessem trazer resultados concretos, tais como intermediar negociações de paz na Líbia e liderar esforços para enfrentar a crise de imigração da Europa.
"Eu quero que a França proponha soluções e iniciativas quando surgirem novas crises", disse ele. "O combate contra o terrorismo islâmico é a prioridade da política externa francesa. A segurança da França é o principal objetivo de nossa diplomacia."
As intervenções francesas na África e no Oriente Médio expuseram o país à ataques por militantes islâmicos.
Homens armados e homens-bomba mataram 130 pessoas dentro e ao redor de Paris em novembro de 2015 e mais de 100 pessoas foram mortas em outros ataques islâmicos na França nos últimos dois anos e meio.
Desde que assumiu o cargo em maio, Macron buscou melhorar os laços com a Rússia após dificuldades entre Moscou e Paris sob a última administração. Ele também tentou manter vivo o diálogo com o presidente norte-americano Donald Trump, cuja liderança pouco ortodoxa irritou alguns de seus aliados mais próximos.
Isso alinhou amplamente a política externa de Macron com as prioridades norte-americanas de atacar o terrorismo, enquanto abre uma janela de diálogo com a Rússia em temas como a Síria e a Ucrânia.
Macron afirmou querer transparência total por parte de Estados do Golfo Árabe sobre redes de financiamento do terrorismo. Ele alertou, porém, em mensagem velada à Trump, que tomar lados em meio às tensões entre a Arábia Saudita, conduzida por sunitas, e o rival xiita Irã poderia ter consequências devastadoras para a região.
"Nós não deveríamos escolher um lado ou outro. Outras grandes potências o fizeram", disse Macron.
Ele repetiu sua opinião de que não há alternativa para o "bom" acordo de 2015 entre o Irã e um grupo de potências mundiais que visa frear o programa nuclear iraniano, o qual os Estados Unidos estão revisando.
"No contexto que estamos vivendo, o acordo de 2015 é o que nos permite estabelecer um diálogo construtivo e exigente com o Irã", disse.
(Reportagem adicional de Michel Rose)