Por Michel Rose
PARIS (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, irá discursar em sessão de ambas as Casas do Parlamento na próxima segunda-feira, em um raro evento que oponentes disseram destacar a intenção do líder em concentrar poder na Presidência.
Tal sessão conjunta do Parlamento é conhecida como Congresso e acontece em Versalhes, o luxuoso palácio da antiga monarquia francesa construído fora de Paris por Luís XIV --o "rei Sol"-- para simbolizar o poder absoluto.
Assessores de Macron dizem que ele quer estabelecer o tom e a direção de seu mandato de cinco anos em uma cerimônia que convenha ao gabinete do presidente.
Seus rivais dizem que Macron, de 39 anos, está “americanizando” a função do presidente.
“É função de Emmanuel Macron explicar o mundo em que vivemos, quais são os desafios da nação no início do século 21, e como nossas instituições trabalham”, disse uma fonte próxima a Macron.
O ex-presidente conservador Nicolas Sarkozy discursou a um Congresso no palácio do século 17 em 2009, no auge da crise financeira e bancária global. O sucessor de Sarkozy, François Hollande, fez o mesmo em novembro de 2015, após militantes islâmicos atacarem Paris, declarando que a França “está em guerra”.
Macron disse querer incorporar uma visão “jupiteriana” da Presidência --na qual o presidente, assim como o deus dos deuses romano, fala raramente, a não ser para emitir ordens. Ele tem se esforçado para ser visto como superior às políticas diárias, deixando o comando do Parlamento para seu primeiro-ministro.
Não obstante, seus oponentes aproveitaram o momento de seu discurso, que será feito um dia antes do primeiro-ministro, Édouard Philippe, discursar a parlamentares.
“É uma demonstração de sua Presidência monárquica”, disse o parlamentar Alexis Corbière, do partido da extrema-esquerda França Insubmissa, à BFM TV. “É uma forma de americanização da política francesa.”
O parlamentar conservador Éric Ciotti disse a repórteres nos corredores do Parlamento que Philippe é “somente uma marionete sem voz”.
Macron tem procurado mudar a imagem pública da Presidência, incluindo através de sua relação com a mídia.
(Reportagem adicional de Marine Pennetier e Elizabeth Pineau)