Por Julien Toyer e Sam Edwards
MADRI/BARCELONA (Reuters) - As autoridades da Catalunha precisam desistir de sua iniciativa independentista até quinta-feira, afirmou o governo da Espanha, chegando mais perto de impor um controle direto sobre a região depois que seu líder não cumpriu um prazo inicial estabelecido por Madri para recuar.
Em um confronto visto com preocupação crescente pelas capitais e mercados europeus, até esta segunda-feira Carles Puigdemont não havia respondido a um ultimato de Madri e esclarecido se de fato declarou a independência.
Segundo a emissora catalã TV3, citando fontes, Puigdemont não irá responder ao novo ultimato.
Mergulhando o país em sua pior crise política desde um golpe militar fracassado em 1981, os eleitores catalães apoiaram um referendo que o Tribunal Constitucional espanhol considerou ilegal.
Com base na votação, Puigdemont fez uma declaração de independência simbólica na terça-feira, mas imediatamente a suspendeu e pediu para negociar o futuro da região com Madri.
O governo espanhol havia lhe dado até as 10h locais desta segunda-feira para esclarecer sua posição quanto à independência com um "sim" ou "não", e até quinta-feira para mudar de ideia se insistisse na separação, dizendo que suspenderá a autonomia da Catalunha se ele escolher a secessão.
Após o vencimento do prazo, a vice-primeira-ministra espanhola, Soraya Sáenz de Santamaría, disse que ele não respondeu à pergunta e que tem até a quinta-feira para fazê-lo.
"O senhor Puigdemont ainda tem a oportunidade de começar a resolver esta situação, ele precisa responder 'sim' ou 'não' à declaração", afirmou.
Em uma carta ao premiê espanhol, Mariano Rajoy, tornada pública nesta segunda-feira, Puigdemont não respondeu diretamente sobre a questão independentista, fazendo ao invés disso uma oferta "sincera e honesta" de diálogo entre os dois líderes ao longo dos próximos dois meses.
Em resposta, Rajoy disse que a postura de Puigdemont deixou Madri mais perto de acionar o artigo 155 da Constituição, mediante o qual pode impor o controle direto sobre qualquer uma das 17 comunidades autônomas do país se estas violarem a lei.
Insinuando que Puigdemont e sua equipe continuam indispostos a seguir o plano de jogo de Rajoy, o ministro do Interior catalão, Joaquim Forn, afirmou que o artigo 155 não permite a Madri afastar membros do governo da Catalunha.
Autoridades da União Europeia continuam temerosas de que o impasse crescente entre Madri e Barcelona encoraje iniciativas independentistas em outras partes do bloco.
(Reportagem adicional de Raquel Castillo)