CARACAS (Reuters) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou na terça-feira que as Forças Armadas fiquem em alerta para um possível ataque de forças da Colômbia e anunciou exercícios militares na fronteira, em meio ao rearmamento de um grupo de ex-comandantes da extinta guerrilha Farc.
Na quinta-feira, as antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram um rearmamento em um vídeo que autoridades colombianas acreditam ter sido filmado na Venezuela, provocando temores de um agravamento do conflito armado na Colômbia e de uma expansão de grupos armados na Venezuela.
"Ordenei que o comandante de operações estratégicas das Forças Armadas Bolivarianas e todas as unidades militares na fronteira declarem um alerta... diante da agressão ameaçada pela Colômbia contra a Venezuela", disse Maduro em uma transmissão pela televisão.
Uma série de exercícios militares que são realizados todos os anos acontecerão entre 10 e 29 de setembro nos Estados de Zulia, Táchira, Apure e Amazonas, que fazem divisa com a Colômbia, detalhou Maduro -- trata-se da terceira manobra do tipo neste ano.
Apesar da retórica dramática, as declarações são condizentes com as disputas frequentes vistas entre as duas nações há mais de uma década, que em certas ocasiões incluíram mobilização de tropas para causar efeito político. As tensões anteriores terminaram em reconciliações relutantes.
O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia não quis comentar, e autoridades colombianas negaram diversas vezes que planejam atacar a Venezuela.
Os Estados Unidos, que adotaram uma vasta gama de sanções contra a gestão Maduro na tentativa de acelerar sua saída, disseram que o governo venezuelano proporciona um porto seguro a grupos armados colombianos.
Mais cedo, o líder opositor venezuelano Juan Guaidó apoiou o uso de satélites para ajudar a localizar grupos guerrilheiros que cruzaram para a Venezuela.
"Autorizaremos o uso de tecnologia de satélites para facilitar a localização destes grupos irregulares, de campos dentro das fronteiras do país", disse Guaidó em uma apresentação televisionada.
"Colaboraremos com o governo colombiano em atividades de inteligência".
O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
(Por Corina Pons e Vivian Sequera; reportagem adicional de Julia Symmes Cobb)