Por Silene Ramírez e Eyanir Chinea
CARACAS (Reuters) - Os edifícios da Suprema Corte de Justiça e do Ministério do Interior da Venezuela foram atacadas na terça-feira com tiros e granadas jogadas de um helicóptero roubado da polícia, denunciou o presidente Nicolás Maduro, que chamou a ação de um ataque "terrorista" e "golpista".
Maduro interrompeu uma cerimônia do dia do jornalista para informar sobre o acontecido, e disse que forças especiais foram mobilizadas na busca do piloto e do grupo que sequestrou a aeronave do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC).
A partir do helicóptero foram disparados 15 tiros contra a sede do Ministério do Interior, no centro de Caracas, onde várias pessoas assistiam a um evento social.
Depois, foram lançadas quatro granadas contra a sede da Suprema Corte, onde estavam reunidos magistrados, segundo detalhes divulgados posteriormente em um comunicado. Não há relato de feridos.
"Havia na Suprema Corte de Justiça uma atividade social, poderiam ter causados várias dezenas de mortes ou lesões, uma tragédia", disse Maduro ao condenar o ataque.
O líder socialista, que tem enfrentado nos últimos três meses protestos constantes e questionamentos da oposição, afirmou que as forças de segurança neutralizaram ao menos 10 ações como essa recentemente.
"Ambos os ataques foram realizados de um helicóptero furtado da base aérea Generalíssimo Francisco de Miranda de La Carlota, Caracas, por parte de um sujeito chamado Óscar Alberto Pérez, que, para cometer os atentados, se valeu de sua condição de inspetor atribuído à divisão de transporte aéreo do CICPC", disse o ministro de Comunicação, Ernesto Villegas.
Imagens compartilhadas em redes sociais e na mídia local aparentemente mostraram Pérez agitando uma bandeira do helicóptero com a palavra "Liberdade" e o número "350". O número se refere ao artigo da Constituição da Venezuela que concede às pessoas o direito de se opor a um governo antidemocrático.
Um vídeo publicado na conta do Instagram de Pérez, pouco antes do ataque ser denunciado, o mostra de pé em frente a quatro homens armados e encapuzados, dizendo que uma operação estava em andamento para restaurar a democracia.
"Esse combate... é contra o governo nefasto, contra a tirania", disse, alegando fazer parte de uma coalizão de funcionários militares, policiais e civis e incitando Maduro a renunciar e a realizar eleições gerais.
Mídia locais também vincularam Pérez ao filme de ação venezuelano "Muerte Suspendida" que coproduziu e protagonizou em 2015, interpretando um agente de inteligência que resgata um empresário sequestrado.
(Reportagem adicional de Eyanir Chinea, Diego Oré, Deisy Buitrago, Girish Gupta, Andrew Cawthorne e Andreina Aponte)