CARACAS (Reuters) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ameaçou o líder da oposição, Juan Guaidó, com a perspectiva de ser julgado em tribunais “mais cedo mais ou tarde” por violar a Constituição do país se declarando o legítimo chefe de Estado, de acordo com entrevista publicada nesta quarta-feira.
Guaidó invocou uma cláusula da Constituição para assumir a Presidência três semanas atrás, argumentando que a reeleição de Maduro no ano passado foi uma farsa. A maior parte dos países do Ocidente, entre eles Estados Unidos e Brasil, tem reconhecido Guaidó, mas Maduro mantém o controle de instituições estatais, incluindo as Forças Armadas.
Maduro, em entrevista ao canal de televisão libanês Al-Mayadeen TV, disse que Guaidó está tentando dividir o país e convencer o governo Trump a conduzir uma intervenção externa na Venezuela. “Se o império norte-americano ousar tocar em folha de palmeira sequer em nosso território, isso vai se tornar um novo Vietnã”, disse.
“Essa pessoa, que acredita que a política é um jogo e que ele pode violar a Constituição e a lei, mais cedo ou mais tarde precisará responder perante os tribunais”, disse Maduro, dizendo estar “absolutamente certo” disso.
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela já impôs uma proibição de viagens e bloqueou contas bancárias de Guaidó, após aprovar um pedido do procurador-geral por uma investigação preliminar das ações do opositor.
Guaidó disse a uma multidão de partidários na terça-feira que carregamentos de auxílio humanitário entrarão no país no dia 23 de fevereiro, abrindo caminho para um confronto com Maduro que tem rejeitado os fornecimentos, uma vez que nega que o país esteja passando por uma crise econômica.
Guaidó tem se comprometido a continuar convocando protestos para pressionar Maduro a renunciar, para que novas eleições possam ser realizadas.
Nesta quarta-feira, o líder democrata da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Eliot Engel, disse que o Congresso dos Estados Unidos não apoiará uma intervenção militar norte-americana na Venezuela, apesar de comentários do presidente dos EUA, Donald Trump, sugerindo um envolvimento do tipo.
(Reportagem de Angus Berwick e Vivian Sequera)