Por Alexandra Ulmer e Eyanir Chinea
CARACAS (Reuters) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na quinta-feira que as novas notas de dinheiro que prometeu estão prontas, mas elas ainda não deram o ar da graça nas ruas – e os venezuelanos, portando envelopes, mochilas e até malas, continuam enfrentando longas filas para depositar suas notas de 100 bolívares antes de elas perderem valor.
Maduro surpreendeu o país assolado pela inflação no domingo, quando anunciou que está retirando de circulação a nota de 100 bolívares, a maior da nação, para combater as máfias colombianas que diz estarem armazenando bolívares para alimentar o contrabando e sabotar sua gestão esquerdista.
As novas notas deveriam começar a circular na Venezuela na quinta-feira. Mas, em uma reviravolta surreal, os terminais eletrônicos continuaram a emitir notas de 100 bolívares, frustrando os cidadãos que correram para gastar ou depositar essas notas – que só valem 4 centavos de dólar norte-americano no mercado negro, em um cenário de desvalorização cambial aguda.
Maduro, ex-motorista de ônibus cuja popularidade despencou no mesmo ritmo da crise econômica, elogiou os venezuelanos por sua compreensão durante um discurso televisionado na noite de quinta-feira, e disse que as novas cédulas já estão sendo distribuídas e que estarão circulando plenamente em janeiro.
"Este é um grande esforço que estamos fazendo para lidar com muitos males e truques... estamos queimando as mãos da máfia", disse o líder exibindo as novas notas, entre elas uma de 20 mil bolívares de cor coral com a imagem do herói da libertação do século 19 Simón Bolívar.
Os economistas, porém, afirmam que a medida não faz sentido do ponto de vista econômico e não faz nada para tratar dos profundos desequilíbrios econômicos da nação e da impressão excessiva de dinheiro.