Por Ori Lewis
JERUSALÉM (Reuters) - Israel iniciou no domingo as comemorações pela transferência da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, uma medida cujo rompimento com o consenso mundial foi ressaltada pela ausência da maioria dos enviados ao país para uma recepção que teve o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, como anfitrião.
A abertura da nova embaixada, marcada para esta segunda-feira, ocorre após o reconhecimento do presidente dos EUA, Donald Trump, de Jerusalém como capital de Israel em dezembro, uma decisão que Trump disse ter concretizado décadas de promessas de Washington e formalizado uma realidade da região.
Os palestinos, que querem seu próprio Estado futuro com uma capital em Jerusalém Oriental, ficaram revoltados com a ruptura de Trump de uma postura adotada por outras gestões norte-americanas de manter a representação dos EUA em Tel Aviv à espera de progressos nos esforços de paz.
Essas conversas foram interrompidas em 2014. Outras grandes potências receiam que a medida dos EUA inflame protestos de palestinos na Cisjordânia ocupada e na fronteira com a Faixa de Gaza, onde Israel reforçou as tropas antes da abertura da embaixada.
A maioria dos países diz que a situação de Jerusalém deveria ser determinada em um acordo de paz definitivo e que transferir as embaixadas agora seria se antecipar a tal acordo.
Falando a dignitários no Ministério das Relações Exteriores, entre eles o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, e a filha e o genro do presidente, Ivanka Trump e Jared Kushner, o premiê israelense exortou outros a seguirem o exemplo de Washington.
"Transfiram suas embaixadas a Jerusalém porque é a coisa certa a fazer", disse Netanyahu. "Transfiram suas embaixadas a Jerusalém porque isso promove a paz, e isso porque não se pode basear a paz em uma fundação de mentiras".
Netanyahu disse que "em qualquer acordo de paz que se possa imaginar, Jerusalém continuará sendo a capital de Israel".
A cidade, que é sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos, foi decorada com canteiros de flores nas laterais das ruas no formato da bandeira dos EUA e cartazes dizendo "Trump torna Israel grande novamente".
"Tragicamente, o governo dos EUA escolheu se alinhar às reivindicações exclusivistas de Israel sobre uma cidade que é sagrada para todas as crenças há séculos", disse a delegação geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) nos EUA.
(Reportagem adicional de Nidal al-Mughrabi em Gaza, Dan Williams em Jerusalém e Warren Strobel em Washington)