Por Jon Nazca
SAN ROQUE, Espanha (Reuters) - Mais de 150 imigrantes atravessaram a cerca da fronteira no enclave espanhol de Ceuta no norte da África e entraram em choque com a polícia na sexta-feira, na maior tentativa de atravessar a barreira fortemente protegida em um ano.
O incidente ocorreu no mesmo dia em que um grupo separado de 15 migrantes resgatados no mar chegou ao porto continental de San Roque a bordo de um navio de guerra espanhol, oriundo da Itália, um caso de alto nível que chamou a atenção para a crise imigratória no continente europeu.
O governo socialista interino recebeu críticas no país por lidar com os imigrantes resgatados após a recusa da Itália em recebê-los.
O partido de extrema-direita, Vox, foi rápido em culpar a posição branda do governo por desencadear o incidente em Ceuta, criando o que chamou de "efeito de chamada". O governo disse que o incidente em Ceuta foi motivado por imigrantes de lá, aproveitando a neblina espessa.
A porta-voz do gabinete, Isabel Celaa, disse em entrevista que o número de entradas ilegais na Espanha recuou 47% este ano.
Em sessão especial do parlamento no dia anterior, alguns partidos criticaram o governo por aceitar os imigrantes rejeitados pela Itália, enquanto outros o criticaram por não agir tão rapidamente.
Pelo menos seis policiais espanhóis e alguns dos imigrantes ilegais sofreram ferimentos leves em Ceuta, segundo um porta-voz do governo na cidade, ressalvando que o incidente "não foi tão violento quanto no passado".
"Cerca de 250 migrantes tentaram pular a cerca e outros 155 chegaram", disse o porta-voz.
Imagens de televisão mostraram um grande grupo de jovens sem camisa cantando "Boza!", Ou "vitória" na língua Fula, falada na África ocidental, enquanto eram perseguidos pela polícia. Um dos homens gritou "Respeito!" em espanhol.
Mais tarde, um grupo foi exibido sentado no chão, cercado pela polícia. Alguns tiveram cortes no arame farpado, outros estavam lavando os olhos com água após aparente contato com gás lacrimogêneo.