GENEBRA (Reuters) - Mais de 400 imigrantes e refugiados morreram afogados no início de 2023 ao tentar cruzar o mar Mediterrâneo do norte da África para a Europa, o maior número de mortes nos últimos seis anos em um período de três meses, disse uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) relatou 441 mortes de imigrantes entre janeiro e março na rota de imigração mais mortal do mundo, no que disse ser provavelmente uma contagem insuficiente. Cerca de metade dessas mortes estão relacionadas a atrasos nos esforços de resgate liderados pelo Estado e, em um caso, à ausência de qualquer missão de resgate, afirmou.
"A persistência da crise humanitária no Mediterrâneo central é intolerável", disse o diretor-geral da OIM, António Vitorino. "Com mais de 20.000 mortes registradas nesta rota desde 2014, temo que essas mortes tenham se normalizado. Os Estados devem responder."
Milhares de imigrantes, em sua maioria africanos, embarcam na perigosa jornada das costas da Líbia e do Egito, muitas vezes em pequenos barcos infláveis, em busca de uma vida melhor na Europa.
Esta rota "central" é distinta da travessia ocidental de Marrocos para a Espanha.
Frequentemente, os navios afundam, como no caso de um naufrágio mortal na região da Calábria, no sul da Itália, no final de fevereiro, que matou pelo menos 72 imigrantes.
A Itália anunciou na terça-feira um estado de emergência na imigração após um "aumento acentuado" nos fluxos no Mediterrâneo, em uma medida que visa uma melhor gestão das chegadas de imigrantes e das instalações de repatriação.
(Por Emma Farge)