Por John Ruwitch e Joyce Zhou
HONG KONG (Reuters) - A polícia de Hong Kong lançou gás lacrimogêneo durante batalhas recorrentes com centenas de manifestantes, alguns dos quais invadiram o Parlamento, destruíram quadros e picharam as paredes, nesta segunda-feira, aniversário da devolução da cidade ao controle chinês em 1997.
A polícia chegou em um comboio de ônibus enquanto cerca de mil manifestantes, furiosos com um projeto de lei que permitiria extradições à China, se reuniram ao redor do edifício do Conselho Legislativo no distrito financeiro da ex-colônia britânica, um desafio direto às autoridades de Pequim.
A polícia disparou várias levas de gás lacrimogêneo, e os manifestantes ergueram guarda-chuvas para se proteger ou fugiram. Colunas de fumaça surgiram nas grandes vias públicas e entre alguns dos arranha-céus mais altos do mundo.
A maioria dos ativistas havia sido repelida nas primeiras horas da terça-feira local, na esteira de alguns dos protestos mais violentos a abalarem a cidade em décadas. Não ficou claro se alguém foi preso.
Guarda-chuvas, barreiras de metal, capacetes, garrafas de água e outros destroços se espalhavam por ruas importantes. A polícia removeu barreiras de metal e outros bloqueios de algumas vias públicas na tentativa de liberá-las antes da reabertura dos pontos comerciais na terça-feira.
Os manifestantes portavam placas de sinalização, chapas de ferro corrugado e pedaços de andaimes ao penetrarem no edifício do conselho. Alguns se sentaram nas mesas dos parlamentares, verificando seus telefones, e outros rabiscaram "anti-extradição" nas paredes da câmara.
Outras pichações pediam a renúncia da líder de Hong Kong, Carrie Lam, e fotos de alguns parlamentares foram desfiguradas.
"HK Não É A China" foi pintado em negro em um pilar branco.
O governo pediu o fim imediato da violência, dizendo que parou de trabalhar em emendas do projeto de lei de extradição suspenso e que a legislação caducará automaticamente em julho do ano que vem.
Um grupo pequeno, composto por uma maioria de estudantes que usavam capacetes e máscaras, usou um carrinho de metal, varas e pedaços de andaime para atingir repetidamente as portas de vidro reforçado do complexo, que acabaram cedendo.
O secretariado do Conselho Legislativo emitiu um comunicado cancelando o dia útil na terça-feira. Os escritórios do governo central disseram que fecharão na terça-feira "levando em consideração a segurança", e todas as visitas guiadas ao complexo do Conselho Legislativo foram suspensas até segunda ordem.
Policiais do batalhão de choque equipados com capacetes e bastões usaram spray de pimenta durante o impasse, que avançou durante a noite de segunda-feira. Alguns ativistas retiraram barras de ferro que reforçavam partes do edifício do conselho.
Carrie suspendeu o projeto de lei no dia 15 de junho, mas não chegou a descartá-lo, como exigido pelos manifestantes.
(Reportagem adicional da Reuters TV, David Lague, Sumeet Chatterjee, Alun John, Vimvam Tong, Thomas Peter, Jessie Pang, Felix Tam, Sharon Lam, Donny Kwok, Joyce Zhou e Twinnie Siu em Hong Kong, Ben Blanchard em Pequim e Foo Yun Chee em Bruxelas)