Por Fatos Bytyci
LEPOSAVIC, Kosovo (Reuters) - Manifestantes sérvios atacaram dois carros pertencentes a jornalistas albaneses na cidade de Leposavic, no Kosovo, nesta terça-feira, um dia depois de 30 soldados da Otan e 52 manifestantes terem sido feridos em confrontos, enquanto autoridades da União Europeia e da aliança militar pediram calma e redução da violência.
A agitação na região se intensificou desde que prefeitos de etnia albanesa assumiram o cargo na área de maioria sérvia do norte do Kosovo após as eleições de abril boicotadas pelos sérvios, uma medida que levou os Estados Unidos e seus aliados a repreenderem a capital, Pristina, na sexta-feira.
A Otan disse em um comunicado que enviou forças adicionais ao Kosovo para conter a violência, acrescentando que "dirigiu o destacamento das Forças de Reserva Operacional para os Bálcãs Ocidentais".
Homens mascarados se aproximaram de um carro com placa albanesa marcada como "A2, afiliada da CNN" e quebraram o para-brisa, disse um repórter da Reuters que testemunhou o incidente. Outro carro pertencente a outro meio de comunicação também foi atacado. Ninguém ficou ferido.
O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, pediu aos líderes do Kosovo e da Sérvia que encontrem uma maneira de diminuir as tensões por meio do diálogo.
"Já temos muita violência na Europa hoje, não podemos permitir outro conflito", disse Borrell em entrevista coletiva em Bruxelas.
A maioria sérvia do norte do Kosovo nunca aceitou a declaração de independência kosovar em 2008 da Sérvia e considera Belgrado sua capital mais de duas décadas após a revolta albanesa de Kosovo contra o regime repressivo sérvio.
Os albaneses étnicos representam mais de 90% da população do Kosovo como um todo, mas os sérvios do norte há muito exigem a implementação de um acordo mediado pela União Europeia para a criação de uma associação de municípios autônomos em sua área.