CARACAS (Reuters) - A oposição na Venezuela organizou protestos em Caracas e em outras cidades do país neste sábado, em uma renovada onda de protestos contra o que chamam de ditadura imposta pelo presidente, Nicolás Maduro.
As manifestações lideradas pela oposição começaram depois que o Tribunal Supremo de Justiça assumiu funções parlamentares, o que gerou condenações internacionais.
Depois de protestos anteriores, o líder opositor e ex-candidato presidencial Henrique Capriles foi inabilitado na sexta-feira por 15 anos a disputar cargos eletivos, uma sanção que aumentou os chamados para os protestos neste sábado.
Milhares de pessoas, algumas carregando cartazes com dizeres como "Não à ditadura!" e "Capriles para Presidente" percorriam as ruas em manifestações contra Maduro.
"O governo está com medo. Se não estivesse com medo, não fecharia as ruas. Não desqualificaria Capriles", disse a advogada Gikeissy Diaz, de 27 anos.
No Twitter, Capriles, que já foi candidato a presidente por duas vezes e governador do Estado de Miranda, fez uma convocação para a população tomar as ruas. "Vamos, bravo e valente povo, em toda a nossa Venezuela, contra o AUTOGOLPE!", escreveu Capriles. Os adversários alertaram que a intenção das manifestações é gerar violência e "um banho de sangue".
Em Caracas, várias estações de metrô estavam fechadas e o governo distribuiu pela capital efetivos de segurança que restringem os acessos à cidade.
O vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, afirmou que os protestos deste sábado são ilegais uma vez que as autoridades desconhecem as rotas que serão usadas pelos manifestantes.
Na quinta-feira, um jovem de 19 anos foi morto a tiros durante protestos. Um policial foi preso.
O grupo de direitos humanos Penal Forum afirma que quase 100 pessoas foram presas durante os protestos no país nos últimos dias. A oposição afirma que mais de 100 ativistas políticos foram presos em uma campanha do governo contra os dissidentes.
O caso de Capriles lembra o do ex-candidato a presidente e antiga esperança da oposição, Leopoldo Lopez. Atualmente ele cumpre pena de 14 anos de prisão sob acusação de incitar protestos contra o governo em 2014.
Lopez foi preso em 2014, no início de meses de protestos pelo país que resultaram na morte de mais de 40 pessoas. Os protestos acabaram obtendo poucos avanços, o que deixou a oposição dividida.
(Por Corina Pons, Girish Gupta e Alexandra Ulmer)