Por Clare Jim e Greg Torode
HONG KONG (Reuters) - Milhares de manifestantes dirigiram-se neste domingo à sede do governo chinês em Hong Kong, enquanto a raiva por um projeto de lei de extradição se transforma em um novo golpe ao que muitos veem como uma erosão mais ampla das liberdades por parte dos políticos de Pequim.
Milhões de pessoas se mobilizaram nos últimos dois meses, em uma demonstração de força sem precedentes contra a líder de Hong Kong, Carrie Lam, desencadeando a pior agitação social na antiga colônia britânica desde que ela voltou ao domínio chinês, 22 anos atrás.
Ativistas vestidos de preto, muitos deles com máscaras, desafiaram as ordens da polícia e marcharam além do fim oficial da manifestação, para se dirigirem ao prédio do governo central de Pequim, próximo ao coração do centro financeiro.
Questionado se os manifestantes tentariam forçar a entrada ao prédio, um homem de 30 anos, vestido de preto dos pés à cabeça, disse: “não”, enquanto imitava uma ação de cortar a garganta.
"Isso seria a morte de Hong Kong", acrescentou.
A polícia de Hong Kong disparou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes em cenas caóticas no fim deste domingo, após a violência ter emergido quando manifestantes mais radicais entraram em conflito com a polícia.
Os ativistas picharam maciços pilares de concreto com as palavras "Restaurar Hong Kong, Revolução do Tempo".
O protesto deste domingo, que decorreu pacificamente enquanto corria pela longa rota mandatada pela polícia, é o mais recente de uma série de manifestações que mergulharam a cidade governada pela China em crise política.
Alguns seguravam faixas que diziam: "Mentirosa" e "Nenhuma desculpa Carrie Lame". Um cartaz colado em um poste de luz pedia uma "Investigação sobre a brutalidade policial".