Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, criticou neste sábado a união das campanhas de Dilma Rousseff (PT) e de Aécio Neves (PSDB) nos ataques contra ela, mas mostrou confiança de que estará no segundo turno contra a presidente.
Marina não quis comentar possíveis alianças na segunda rodada da disputa presidencial, mas afirmou que qualquer decisão nesse sentido teria justificativa "programática".
"O povo brasileiro já decidiu que vai ter segundo turno... tenho certeza de que estaremos no segundo turno", disse Marina a jornalistas na zona leste de São Paulo. "Fizemos uma campanha bonita que encantou o Brasil."
"Ter o PT e o PSDB unidos na mesma artilharia contra nós, um grupo de partidos pequenos com apenas dois minutos de TV, se nós não tivéssemos um programa, teríamos sido dizimados a pó", acrescentou a candidata, questionada se acredita que a divulgação de seu programa de governo teria lhe custado votos.
"Para nós, não vale ganhar de qualquer jeito, a qualquer custo, a qualquer preço. Vamos ganhar ganhando", emendou.
Depois que deu um salto nas pesquisas de intenção de voto, logo depois de entrar na corrida presidencial com a morte de Eduardo Campos, de seu partido, Marina passou a ser alvo de ataques das campanhas petista e tucana.
Enquanto a propaganda de Dilma mostrava supostos efeitos negativos de propostas da candidata do PSB, como a independência legal do Banco Central, a propaganda de Aécio apontava para a falta de experiência de Marina, seus longos anos no PT e as contradições das posições atuais e anteriores dela.
Marina, que chegou a ter 20 pontos percentuais de vantagem sobre Aécio nas pesquisas, trava uma disputa muito acirrada na reta final para ver qual dos dois será o adversário de Dilma no segundo turno.
Pesquisas do Datafolha e do Ibope divulgadas neste sábado mostraram Aécio numericamente à frente de Marina no primeiro turno, mas ainda em empate técnico. Dilma aparece com liderança folgada.
Questionada sobre possíveis alianças nas próximas semanas de campanha, Marina recusou-se a tecer comentários.
"Segundo turno a gente discute no segundo turno e toda discussão que fizermos será com base em programa."
Uma semana após a morte de Eduardo Campos e horas antes de Marina ser anunciada a nova candidata do PSB, uma fonte tucana disse à Reuters que o partido apoiaria Marina formalmente caso Aécio ficasse fora da disputa final.
Agora que há chances reais de a candidata do PSB não chegar ao segundo turno, a pergunta passou a ser se Marina, por sua vez, daria seu apoio a Aécio.
Neste sábado, Marina voltou a criticar a polarização entre petistas e tucanos.
"Hoje o país está dividido numa guerra que há 20 anos foi estabelecida entre PT e PSDB e nós sabemos que o melhor é nos unirmos em torno do que interessa", afirmou a candidata.
Ela também repetiu a promessa de implementar um décimo terceiro salário para os beneficiários do programa Bolsa Família e se comprometeu a tomar medidas para enfrentar o analfabetismo, melhorar o sistema de saúde e reduzir a inflação, que vem girando acima do teto da meta do governo.