Por Phil Stewart
LONDRES (Reuters) - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, disse ao primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim, nesta quinta-feira, que Washington está comprometida em proteger o aliado, disse uma porta-voz, depois que Ancara expressou revolta com a decisão dos EUA de armar combatentes curdos na Síria.
A reunião de cerca de meia hora em Londres pareceu ser a conversa de mais alto nível entre as duas nações desde que os EUA anunciaram, na terça-feira, planos para apoiar as Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo) em um ataque para retomar a cidade síria de Raqqa do Estado Islâmico.
A Turquia considera as YPG como o ramo sírio do proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que vem mantendo uma insurgência no sudeste turco desde 1984 e é considerado um grupo terrorista por EUA, Turquia e Europa.
Uma autoridade norte-americana disse à Reuters que seu país quer intensificar a cooperação de inteligência com os turcos para auxiliar sua luta contra o PKK. O jornal Wall Street Journal noticiou que a iniciativa pode dobrar os recursos de um centro de fusão de inteligência em Ancara.
Mas não ficou claro se esse esforço irá bastar para acalmar a Turquia, que alertou os EUA que sua decisão de armar forças curdas que combatem o Estado Islâmico na Síria pode acabar prejudicando Washington, e acusou seu parceiro na Otan de se alinhar aos terroristas.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, que irá se encontrar com o presidente norte-americano, Donald Trump, em Washington na semana que vem, expressou a esperança de que o governo norte-americano reverta a decisão.
A porta-voz do Pentágono, Dana White, revelou pouco sobre a reunião de Mattis com Binali na capital inglesa, onde ambos participam de uma conferência sobre a Somália.
"O secretário reiterou o compromisso dos EUA de proteger seu aliado da Otan", disse ela em um comunicado após a conversa.
Falando na quarta-feira, Mattis expressou a confiança de que os EUA conseguirão resolver as tensões com a Turquia no tocante à decisão de armar os curdos, dizendo: "Iremos solucionar qualquer uma das preocupações".
Também na quarta-feira Yildirim disse aos repórteres que a medida norte-americana "certamente terá consequências e irá produzir um resultado negativo também para os EUA".
Os norte-americanos consideram as YPG um parceiro valioso na luta contra os militantes do Estado Islâmico no norte da Síria. Washington sustenta que armar as forças curdas é necessária para recapturar Raqqa, a capital de fato dos radicais em solo sírio e um polo para o planejamento de ataques contra o Ocidente.
Esse argumento tem pouco peso em Ancara, que teme que os avanços das YPG no norte sírio incentivem a atuação do PKK em solo sírio.