Por Andrew MacAskill e Alastair Macdonald
BRUXEALAS (Reuters) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, e o chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, concordaram durante jantar em Bruxelas nesta segunda-feira que o ritmo de negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, deve ser aumentado.
Um comunicado conjunto descreveu um “construtivo e amigável” encontro de duas horas, durante o qual “revisaram o progresso feito nas negociações do Artigo 50 até o momento e concordaram que estes esforços devem acelerar durante os meses que virão”.
O encontro, anunciado menos de 24 horas antes de sentarem, acompanhados por seus negociadores-chefes do Brexit, David Davis e Michael Barnier, e somente três dias antes de May voltar para Bruxelas para uma cúpula da UE, foi realizado longe de repórteres. Autoridades não forneceram detalhes imediatos sobre os assuntos além do comunicado de seis frases.
Ambos lados têm pedido ritmos de conversas mais rápidos, conforme o tempo se esgota para a saída do Reino Unido da UE em março de 2019 e empresas alertam que sem clareza sobre o que acontece após isto podem começar a alterar investimentos no início do ano que vem.
O comunicado conjunto não divulgou outras coisas, sem fazer referência ao mútuo jogo de culpas no qual Londres e Bruxelas se acusam de criar impasse: May ao fracassar em detalhar quanto está disposta a pagar para resolver obrigações do divórcio, a UE ao se manter rígida em uma recusa de falar sobre um acordo de comércio futuro e a transição até que ela o faça.
Cautelosos de que a primeira-ministra, envolvida em disputas em seu gabinete sobre uma ruptura mais suave ou mais dura com a UE, pode tentar dividir os outros 27 Estados, alguns diplomatas da UE expressaram preocupações por ela ter se encontrado com Juncker e Barnier antes de se encontrar com outros líderes nacionais.
Barnier, segundo diplomatas, sugeriu acelerar conversas ao começar discussões internas da União Europeia sobre um período de transição no qual o Reino Unido deve continuar no mercado único. A ideia teve resistência dos pesos pesados Alemanha e França, embora os 27 agora pareçam estar prontos para concordar com o gesto em um comunicado da UE que será emitido na sexta-feira.
Um texto revisado circulado pelo presidente da cúpula, Donald Tusk, para governos da UE nesta segunda-feira possuía trechos que fornecem ao Reino Unido a chance de conversas sobre uma transição para uma relação futura quase imediatamente após a próxima cúpula da UE em dezembro. Mas por insistência alemã e francesa destacou a necessidade de Londres cumprir uma série de demandas essenciais da União, especialmente sobre o dinheiro que deve.
O porta-voz de May, quando perguntado antes do encontro se ela iria dar mais detalhes sobre a oferta financeira do Reino Unido, indicou que não.
Isto deixou alguns imaginando qual era o ponto. “Isto será ou um jantar muito caro, custando cerca de 30 bilhões de euros, ou outra coisa – o que é isto?”, disse um diplomata da UE.
(Reportagem adicional de Gabriela Baczynska e Robin Emmott, em Luxemburgo, e William James, em Londres)