Por Aaron Sheldrick
TÓQUIO (Reuters) - Negociadores do G20 estão disputando sobre as palavras de um comunicado de reunião sobre o combate à mudança climática, com os Estados Unidos pressionando para amenizar a linguagem ante a oposição europeia, de acordo com fontes e rascunhos do texto.
Os argumentos são uma reprise das discussões sobre o aquecimento global que impediram as negociações em fóruns multilaterais, desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou o país de um acordo histórico para limitar os efeitos da mudança climática.
O último rascunho, visto pela Reuters, inclui linguagem que dá apoio à implementação do Acordo de Paris de 2015, e dizendo que o acordo assinado por 200 países é "irreversível".
Um rascunho anterior, também visto pela Reuters, não incluía tal linguagem por insistência dos Estados Unidos, segundo disseram duas fontes familiarizadas com as discussões sobre o comunicado à Reuters.
Outras mudanças no comunicado provavelmente ocorrerão antes da adoção final do texto no sábado, pelo grupo dos 20 líderes em Osaka para a cúpula desta semana, mas a inclusão de uma linguagem mais forte ocorreu quando o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a França não aceitaria um texto que não mencione o acordo de Paris.
"Se não falarmos sobre o Acordo de Paris e se não conseguirmos um acordo entre os 20 membros na sala, não seremos mais capazes de defender nossas metas de mudança climática e a França não fará parte disso”, disse ele em Tóquio na quarta-feira antes de ir para Osaka.
A França foi um dos principais impulsionadores do acordo de Paris e o parlamento francês está agora debatendo um projeto de lei de energia que visa uma taxa de zero emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050.
"Negociações sobre o tema do clima serão especialmente difíceis desta vez", disse uma autoridade do governo alemão na quarta-feira.
Nações em Paris concordaram em limitar o aumento médio global de temperaturas a partir de níveis pré-industriais para bem abaixo de 2 graus Celsius (3,6 graus Fahrenheit). As políticas atuais, no entanto, colocam o mundo nos trilhos de um aumento de pelo menos 3 graus até o final do século, de acordo com um relatório das Nações Unidas em 2016.
Investidores que administram mais de 34 trilhões de dólares em ativos, quase a metade do capital investido no mundo, pressionaram os líderes do G20 na quarta-feira, exigindo ações urgentes dos governos sobre a mudança climática.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, também pediu na quarta-feira aos países do G20 que apoiem metas climáticas mais ambiciosas, entre outras iniciativas internacionais.
O anfitrião da cúpula, o Japão, tem sido criticado por apoiar o uso contínuo de carvão para geração de energia, uma das maiores fontes de emissões de gases que causam o aquecimento global.
Os líderes do G20 se reunirão na sexta-feira e no sábado.