BRASÍLIA (Reuters) - O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, tentou minimizar nesta segunda-feira os protestos em algumas cidades do país contra a presidente Dilma Rousseff, durante pronunciamento na TV na noite de domingo, argumentando que as manifestações ocorreram em lugares onde a petista perdeu a disputa pela reeleição.
Mercadante avaliou ainda que as manifestações são um direito dos cidadãos e fazem parte da democracia, mas não podem incentivar um terceiro turno eleitoral.
A avaliação do principal ministro do governo ocorreu depois de reunião de coordenação política do governo da qual participaram outros ministros, Dilma e o vice-presidente Michel Temer. Essa é a primeira vez que um ministro concede entrevista coletiva após uma reunião do núcleo político da presidente.
"Nós vimos hoje (segunda-feira) pela imprensa a manifestação em algumas cidades onde em geral nós perdemos as eleições, em bairros que perdemos as eleições e tivemos uma derrota eleitoral significativa", disse o ministro a jornalistas, no Palácio do Planalto.
"A primeira regra do sistema democrático é reconhecer o resultado das urnas. No Brasil, só tem dois turnos, não tem terceiro turno... Nós vencemos as eleições pela quarta vez e isso tem que ser reconhecido", acrescentou.
O ministro afirmou ainda que preocupa o fato de a eleição ter sido "bastante polarizada, que teve um momento de radicalização". Segundo Mercadante, é preciso construir uma cultura de tolerância, de diálogo e de respeito.
"Isso ajuda a criar uma agenda de convergência que é fundamental para o país... superar as dificuldades conjunturais o mais rápido possível", afirmou.
Os protestos ocorrem também no momento em que a popularidade da presidente está no seu menor nível e a uma semana de uma mobilização popular que pretende levar milhares de pessoas às ruas no país no próximo dia 15 para protestar contra o governo. Segundo pesquisa do instituto Datafolha divulgada no início de fevereiro, apenas 23 por cento dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom.
Dilma também enfrenta uma crise política com os aliados no Congresso e se esforça para fazer um forte ajuste fiscal, que pode desacelerar os investimentos públicos no país e dificultar ainda mais a retomada do crescimento econômico.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro)