Por Robin Emmott e Philip Blenkinsop
BRUXELAS (Reuters) - A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, discordaram nesta terça-feira sobre quem deverá ser o próximo chefe da Comissão Europeia no momento em que líderes da União Europeia se reuniram para começar a barganhar por seus candidatos aos principais cargos do bloco nos próximos cinco anos.
Uma eleição em toda a UE na semana passada resultou em um Parlamento Europeu com um centro fragmentado e ganhos de liberais pró-UE e Verdes, bem como nacionalistas eurocéticos e a extrema direita, dificultando o consenso em torno de uma agenda coerente para o bloco.
"Não escolheremos o sr. ou sra. Europa hoje, mas apenas traçaremos um equilíbrio após a eleição europeia", disse o premiê liberal de Luxemburgo, Xavier Bettel, antes da reunião dos 28 líderes em Bruxelas.
Realizada uma vez a cada cinco anos, a eleição da UE significa que os chefes das principais instituições do bloco serão agora substituídos.
Merkel disse ao chegar para a reunião que apoia o parlamentar alemão de centro-direita Manfred Weber para ser próximo chefe da Comissão Europeia, o poderoso órgão Executivo da UE, depois que Jean-Claude Juncker, de Luxemburgo, deixar o cargo em 31 de outubro.
Minutos depois, Macron respondeu, listando a comissária para concorrência da UE, a dinamarquesa Margrethe Vestager, o negociador de Brexit do bloco, o francês de centro-direita Michel Barnier, e o social-democrata holandês Frans Timmermans coomo candidatos apropriados, deixando de fora Weber.
Os premiês da Espanha e Suécia explicitamente apoiaram Timmermans, enquanto os chefes da Irlanda e Croácia endossaram Weber. Bettel, de Luxemburgo, defendeu Margrethe, enquanto líderes ocidentais exigiram equilíbrio geográfico ao conceder as importantes funções.
O premiê holandês, Mark Rutte, também aventado como possível concorrente no obscuro processo de escolha, disse que a reunião desta terça-feira era sobre "conteúdo em vez de pessoas". Também era, disse ele, sobre concordar em prioridades políticas para os próximos anos, incluindo mudanças climáticas, economia e migração.
O Partido Popular Europeu (EPP, na sigla em inglês) de centro-direita e o grupo de centro-esquerda Socialistas e Democratas (S&D) foram reduzidos a 326 cadeiras na nova câmara, de 751 assentos, no domingo, 50 menos do que a maioria necessária para determinar sozinhos quem deve encabeçar a Comissão, como fizeram nos anos anteriores.
Outros grandes cargos que ficarão vagos no final deste ano incluem o chefe do Parlamento Europeu e do Banco Central Europeu, o chefe de política externa do bloco e o chefe do Conselho Europeu, que representa os líderes dos 28 países membros da UE e ajuda a intermediar consensos entre eles.
A UE arriscaria um impasse institucional se as negociações se arrastarem, deixando-a incapaz de tomar decisões políticas cruciais no momento em que enfrenta uma Rússia mais assertiva, o poder econômico crescente da China e um presidente dos Estados Unidos imprevisível.
Líderes da maioria dos partidos na recém-eleita câmara pediram na terça-feira aos líderes dos governos nacionais que nomeiem um legislador para substituir Juncker.
(Por Jan Strupczewski, Philip Blenkinsop, Alastair Macdonald, Francesco Guarascio, Robin Emmott, Daphne Psaledakis, Jean-Baptiste Vey e Michel Rose)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES