BERLIM (Reuters) - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, concordou nesta sexta-feira em permitir que promotores investiguem um comediante alemão que satirizou o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o que levou a acusações de que ela falhou em proteger a liberdade de expressão e dividiu sua coalizão de governo.
Erdogan havia exigido que a Alemanha processasse Jan Boehmermann depois que ele recitou um poema sobre o líder turco em um programa da rede de televisão pública alemã ZDF no dia 31 de março, insinuando que ele bate em meninas, assiste pornografia infantil e pratica atos bestiais.
Uma seção do código criminal alemão proíbe insultos a líderes estrangeiros, mas deixa para o governo decidir se autoriza os promotores a abrirem processos ou não.
Isso colocou Merkel em uma situação delicada, já que ela tem sido a principal incentivadora de um acordo polêmico da União Europeia com Ancara para deter o fluxo de refugiados que rumam para a Europa, e críticos já a acusaram de ignorar violações de direitos humanos e da liberdade de imprensa na Turquia para garantir a cooperação do governo turco.
Em um comunicado, a chanceler deixou claro que a decisão de permitir que os promotores investiguem não é um veredicto sobre os méritos do caso em si. Ao anunciá-la em um discurso televisionado, Merkel disse: "A Turquia é um país com o qual a Alemanha tem laços próximos e amistosos".
Uma autoridade turca de alto escalão afirmou: "Queremos ver o resultado deste caso e não queremos dizer nada sobre ele a esta altura".
O advogado de Boehmermann, Christian Schertz, disse que a decisão de Merkel foi "completamente desnecessária", observando que Erdogan já tinha apresentado uma queixa legal separada contra Boehmermann.
(Por Noah Barkin e Michelle Martin)