Por James Oliphant e Chris Kahn
WASHINGTON (Reuters) - Desde o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump e seus aliados republicanos disseminam relatos falsos e enganadores para minimizar o acontecimento, que deixou cinco mortos e dezenas de feridos -- e seus apoiadores parecem ter ouvido.
Três meses depois de uma multidão de apoiadores de Trump invadir o Capitólio para tentar reverter sua derrota eleitoral de novembro, cerca de metade dos republicanos acredita que o cerco foi um protesto essencialmente não-violento ou obra de ativistas de esquerda "tentando manchar a reputação de Trump", revelou uma nova pesquisa Reuters/Ipsos.
Seis de 10 republicanos também acreditam na afirmação falsa de Trump de que a eleição presidencial de novembro "foi roubada" dele devido a uma fraude generalizada, e a mesma proporção de republicanos acha que ele deveria concorrer novamente em 2024, mostrou a enquete realizada entre 30 e 31 de março.
Desde o ataque ao Capitólio, Trump, muitos de seus aliados dentro do Partido Republicano e personalidades da mídia de direita descrevem um quadro dos acontecimentos daquele dia que se choca com a realidade.
Centenas de apoiadores de Trump, mobilizados pelas alegações falsas de estelionato eleitoral do ex-presidente, escalaram muros do edifício do Capitólio e quebraram vidraças para entrar enquanto parlamentares estavam do lado de dentro votando para certificar a vitória do presidente, Joe Biden.
Os revoltosos, muitos deles usando peças de roupa de campanha de Trump e portando bandeiras, incluíram grupos de supremacistas brancos como os Proud Boys.
Em uma entrevista recente à rede Fox News, Trump disse que os revoltosos representaram uma "ameaça zero". Outros republicanos proeminentes, como o senador Ron Johnson, do Wisconsin, questionaram publicamente se apoiadores de Trump estavam por trás do ataque.
No mês passado, 12 republicanos da Câmara dos Deputados votaram contra uma resolução em homenagem aos policiais do Capitólio que defenderam as dependências durante a revolta, e um parlamentar disse objetar ao uso da palavra "insurreição" para descrever o incidente.
Segundo a pesquisa Reuters/Ipsos, 59% dos norte-americanos consideram que Trump tem alguma responsabilidade pelo ataque, mas só três de 10 republicanos concordam. Oito de 10 democratas e seis de 10 independentes rejeitam as alegações falsas de que o cerco ao Capitólio foi "essencialmente pacífico" ou encenado por manifestantes de esquerda.