CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Os mexicanos que ajudarem a construir o muro planejado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na fronteira entre as duas nações estarão agindo de forma imoral e deveriam ser vistos como traidores, disse a Arquidiocese Católica do México no domingo, aumentando a temperatura de uma disputa acalorada sobre o projeto.
Em um editorial provocador, a maior arquidiocese do país procurou aumentar a pressão para que o governo adote uma postura mais dura com empresas que pretendem lucrar com a obra, que tensionou as relações entre Trump e o governo mexicano.
"Qualquer empresa pretendendo investir no muro do fanático Trump seria imoral, mas acima de tudo seus acionistas e proprietários deveriam ser considerados traidores da pátria mãe", afirmou o editorial do Desde la fe, a publicação semanal da arquidiocese.
Na terça-feira, o ministro da Economia do México, Ildefonso Guajardo, alertou as empresas que não seria de seu "interesse" participar do muro. Mas o editorial acusou o governo de reagir "tepidamente" àqueles que estão de olho na obra como negócio.
O porta-voz da arquidiocese, que se concentra na Cidade do México e é presidida pelo principal clérigo católico do país, o cardeal Norberto Rivera, disse que o texto representa a opinião da diocese.
Trump diz querer construir o muro para impedir que imigrantes ilegais cruzem a fronteira sul dos EUA. Ele prometeu que o vizinho irá pagar pela construção, o que o governo mexicano vem repetindo que não pagará.
O editorial do Desde la fe, que foi publicado na internet, disse que a barreira só alimentaria o preconceito e a discriminação.
"Na prática, inscrever-se para um projeto que é uma afronta séria à dignidade é dar um tiro no pé", afirmou.
(Por Dave Graham e Lizbeth Diaz)