YANGON (Reuters) - Um porta-voz da líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, disse nesta quarta-feira que foi informado de que a polícia quase concluiu a investigação sobre dois jornalistas da Reuters presos, após a qual um julgamento terá início.
Zaw Htay disse que depois disso os dois repórteres, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, terão acesso a advogados e poderão encontrar familiares.
"Não irá demorar. A investigação está quase terminada", informou, por telefone.
Segundo o porta-voz, o Ministério de Assuntos Internos e a polícia lhe disseram na terça-feira que Wa Lone e Kyaw Soe Oo estão detidos em Yangon, se encontram "em boa condição" e não foram submetidos a nenhum "interrogatório ilegal".
Vários governos e grupos de direitos humanos e de jornalistas criticaram as autoridades de Mianmar por manterem a dupla incomunicável desde sua prisão, sem acesso a advogados, colegas ou familiares.
Indagado se a polícia está respeitando seus direitos humanos, Zaw Htay respondeu: "Sim, sim, eu lhes disse para não fazer aquelas coisas. Eu lhes disse para agir de acordo com a lei. Eles garantiram que só agirão de acordo com a lei", acrescentou, sem dar detalhes.
Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, completaram uma semana de detenção na terça-feira sem que se soubesse onde estavam detidos, enquanto as autoridades conduziam uma investigação para determinar se eles violaram a Lei de Segredos Oficiais do país, que data dos tempos coloniais e pode resultar em penas máximas de 14 anos de prisão.
Os dois jornalistas realizavam uma cobertura da Reuters sobre uma crise que levou estimados 655 mil muçulmanos rohingyas a fugir de uma operação de repressão militar intensa contra militantes de Rakhine, Estado do oeste do país.
Eles foram presos no dia 12 de dezembro, depois de serem convidados para jantar com policiais nos arredores de Yangon, a maior cidade de Mianmar.
(Por Shoon Naing)